São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009 |
Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo. Matemática e ciências da computação têm alta taxa de abandono
Esses cursos, além de administração, têm evasão média de 28%; pesquisadores apontam formação falha de exatas no ensino básico
FÁBIO TAKAHASHI DA REPORTAGEM LOCAL Alunos de ciências da computação, matemática e administração estão entre os que mais abandonam o ensino superior, diz pesquisa com dados do Ministério da Educação. A evasão média nessas áreas é de 28%. A média nacional é de 22% -percentual que tem variado pouco nesta década. O líder do ranking, com 38%, é o curso que une turismo e hotelaria. Mas, quando separados, a taxa de evasão cai para 27% (hotelaria) e 24% (turismo). O indicador abrange o número de alunos que deixou de se matricular de um ano para outro. As taxas referem-se à média de cinco anos, presentes no Censo da Educação Superior (2007 é o mais recente). Para o aluno, abandonar o curso significa perda de tempo com a graduação incompleta e de dinheiro (com mensalidades). Para o mercado, significa menos formados qualificados, às vezes em áreas deficitárias. Pesquisadores dizem que um dos motivos para alunos abandonarem os cursos é a falta de informação na hora da escolha no vestibular -há frustração com o conteúdo do curso e com as perspectivas de emprego. Especificamente sobre ciências da computação, matemática e administração, é citado o ensino deficitário das matérias de exatas no ensino básico. São essas disciplinas que mais sofrem com a falta de professores, aponta levantamento do MEC. "Ciências da computação, por exemplo, é um curso muito puxado. O aluno quando entra tende a achar que vai fazer games, mas se depara com um conteúdo pesado de cálculos e contas. Fica difícil acompanhar", afirmou o autor do levantamento, Oscar Hipólito, ex-diretor do Instituto de Física da USP de São Carlos e consultor do Instituto Lobo. Além disso, afirma, a área de computação oferece muitas oportunidades de emprego, o que atrai mais o estudante do que a permanência no curso. Já nos cursos da área de serviços (caso de turismo e hotelaria), há uma baixa expectativa de empregabilidade. Para Hipólito, a explicação para o curso de turismo e hotelaria liderar o ranking, mas, separados, ficarem em 9º e 5º deve-se ao fato de que ao unir as duas disciplinas o curso ficou sem foco. "Algumas áreas são consideradas de menor prestígio. Portanto, não há estímulo adicional para a conclusão", disse João Ferreira de Oliveira, coordenador de grupo de trabalho sobre educação superior da Anped (associação nacional dos pesquisadores de educação). No outro extremo, medicina é o curso com o menor índice de abandono do país -5%. Qualidade A evasão nas instituições privadas é mais alta que nas públicas (12% e 25%, respectivamente). Para Hipólito, as mensalidades são apenas um aspecto que explica a diferença. "Se o curso é bom, o aluno vai fazer de tudo para continuar, pede ajuda para pagar mensalidade. Mas se ele encontra professores ruins, bibliotecas fracas, na primeira dificuldade financeira ele desiste", disse. Para o presidente da Anup (associação nacional das universidades particulares), Abib Salim Cury, a dificuldade é de financiamento dos alunos. "O Fies [programa federal] é insuficiente. Ele não atende o número suficiente e ainda há uma dificuldade adicional: o aluno entra no curso no início do ano e só pode conseguir os recursos no meio", afirmou Cury. "Com a crise econômica, a evasão só vai aumentar." O MEC diz que deve alterar algumas regras do Fies. Uma das mudanças será a possibilidade de pedir financiamento a qualquer momento do ano. Próximo Texto: Formação falha faz aluno desistir, diz pesquisadora Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |