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GUERINO CICON (1933-2009)
Por trás da máscara de Fantomas
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Não era nada mole liquidar
Fantomas, um homem de
pedra nos ringues, já alertava
o locutor. Herói do telecatch
-espetáculo de luta livre popularizado pela TV entre os
anos 60 e 80 no país-, o mascarado justiceiro escondia
sob a fantasia preta com detalhes brancos a identidade
de Guerino Cicon, um marceneiro de Piracicaba (SP) de
quase dois metros e mais de
100 kg.
E não adiantava recorrer a
táticas torpes, como "chutar
violentamente a região baixa" de Fantomas. Moicano e
Cantinflas já tentaram isso
numa luta e nada conseguiram.
De uma família de italianos, mudou-se para SP nos
anos 60. Praticava natação e
halterofilia, o que o ajudou a
entrar no mundo das lutas,
área em que foi muito feliz,
diz a filha Idely, com a voz
embargada.
Ela lembra que os shows
costumavam fechar o Pacaembu, de tão cheio. Seu pai
conheceu o país em turnês.
Nos combates, Guerino
fingia ter uma das pernas endurecidas. Era uma tática. E
ele já se machucou de verdade? A princípio, a filha diz
que não. Depois lembra que
o pai já quebrou o dente, a
clavícula, um dedo, entre outros.
Depois que as lutas acabaram, trabalhou como segurança, até se aposentar. Há
cerca de um ano, vivendo na
Cohab, passou a sofrer com
problemas circulatórios e de
diabetes. Estava internado
há cinco meses e teve um dedo, e depois a perna, amputados.
"Quero colocar uma faixa
em frente ao hospital Tatuapé para agradecer ao tratamento que tivemos", diz a filha.
Guerino morreu sábado,
28, aos 75 anos. Deixa duas
filhas, quatro netos e três
bisnetos. A missa de sétimo
dia foi ontem, em São Paulo.
obituario@grupofolha.com.br
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