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SEGURANÇA
Segundo chefe de Comunicação da Arma, cooperação com a polícia de Garotinho será nas tarefas de inteligência
Exército diz que não subirá o morro no Rio
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Exército não participará de
operações ofensivas -o popular
"subir no morro"- para trocar
tiros com bandidos, no Rio de Janeiro. Irá concentrar-se em ações
de inteligência, apoio à polícia,
cerco e eventual ocupação e varredura das favelas após conflitos.
A afirmação é do chefe do Centro de Comunicação Social do
Exército, general Augusto Heleno
Ribeiro Pereira. Para ele, "não há
solução militar" para o crime organizado no Rio, mas "o Exército
fará sua parte" na tentativa de minimizar o problema.
A declaração de Pereira dá contornos técnicos ao discurso do governo federal, que tenta dar uma
resposta política à questão da segurança pública no Rio por considerar que o ônus de imagens como a de um corpo em carrinho de
mão acaba recaindo sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
ainda que, constitucionalmente, o
assunto seja estadual.
Ou seja, os militares podem até
subir o morro, mas não querem
fazer isso atirando -esse será trabalho da polícia. De todo modo, o
formato final da operação será
apresentado na semana que vem,
e prevê a ação imediata.
Em nota divulgada ontem, o
Ministério da Defesa afirma que,
"eventual e episodicamente", poderão ser realizadas ações conjuntas com as polícias "em regiões
previamente delimitadas, com o
objetivo de resgatar armamentos
das quadrilhas organizadas que
atuam na cidade".
O Exército sempre se opôs a essas ações, mas a escalada da violência levou à percepção política
de que é necessário fazer algo. Se
os militares vão cuidar da força de
paz da ONU no Haiti, que coincidentemente deverá ser coordenada pelo mesmo general Heleno,
por que não fazer nada no Rio?
De qualquer forma, os militares
querem limitar seus riscos. Heleno argumenta baseado na experiência da Operação Rio, em 1994,
quando o Exército ocupou favelas. ""Não é conveniente subir
morro. A operação urbana para a
qual somos treinados é de guerra,
na qual você pode fazer qualquer
coisa com o inimigo, jogar uma
granada na casa e entrar atirando.
Não é o caso no Rio."
Segundo Heleno, o Exército terá
o chamado controle operacional
da ação, mas isso não significa
que fará o trabalho da polícia.
"Quem vai subir o morro é a polícia, porque eles conhecem a situação", diz. O Rio tem cerca de 40
mil policiais. O Exército prevê que
serão utilizados os cerca de 4.000
soldados que haviam sido pedidos pela governadora Rosinha
Matheus (PMDB).
Serão todos baseados no Rio, e,
segundo Heleno, não haverá participação de batalhões de outros
Estados, como chegou a ser especulado. A Brigada de Operações
Especiais do Rio deverá colaborar
com a maior parte dos soldados.
O general vê um fantasma pairando sobre todo o planejamento:
o das conseqüências jurídicas, já
que o Exército só pode exercer
funções de polícia em casos de exceção, como estados de sítio ou
quando um governador diz ter esgotado seus recursos.
Nos meios militares, há a preocupação com a possibilidade de,
eventualmente, soldados matarem inocentes na ação -como na
ocasião em que um professor foi
morto num bloqueio quando o
Exército foi às ruas no Rio.
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