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SAÚDE
Proposta que será discutida hoje em simpósio visa melhorar o atendimento e reduzir mortes, seqüelas e custos
Médicos querem selo de qualidade para área de trauma
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um selo de qualidade atestando
que o hospital tem infra-estrutura
e que a equipe médica está treinada para atender vítimas de trauma é a nova arma das sociedades
médicas para reverter uma realidade brasileira assustadora: 150
mil mortes por ano, a maioria de
pessoas com até 40 anos de idade.
As maiores causas de traumas são
os tiros e os acidentes de trânsito.
A proposta será apresentada em
um simpósio internacional de cirurgia do trauma que acontece
hoje em São Paulo e a idéia é colocá-la em prática até o final do ano.
Com o selo, espera-se melhorar o
nível do atendimento aos traumatizados, diminuindo as mortes, as
seqüelas e os custos.
Hoje, o país gasta R$ 9 milhões
por ano no atendimento ao trauma -quase um terço de tudo que
é investido em saúde pública no
país. Estima-se que 30% das mortes por traumas, após a internação, poderiam ser evitadas se a
equipe médica estivesse mais bem
capacitada para a função.
O problema é que menos da
metade dos cirurgiões que trabalham nas emergências tem formação específica com traumas, segundo o cirurgião Milton Steinman, vice-presidente da SBAIT
(Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado). "O PS é a porta de entrada
dos jovens médicos no mercado
de trabalho. E a imensa maioria
não está qualificada para atender
os traumatizados", afirma.
A falha nesse aprendizado ficou
clara em uma prova aplicada pelo
Cremesp (Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo)
aos estudantes do sexto ano de
medicina e aos médicos recém-formados no final de 2005: metade deles são soube reconhecer um
quadro grave de trauma torácico
que pode levar a pessoa à morte
em poucas horas.
A partir deste ano, o atendimento ao trauma começa a ganhar
mais espaço no período de residência médica, que foi ampliado
de dois para quatro anos.
Para Steinman, tirando os hospitais-escola, não há praticamente nenhum outro que ofereça uma
equipe qualificada para atender
traumas. "Os hospitais de ponta
contratam profissionais qualificados, mas que não têm noção de
como atender corretamente as vítimas de trauma."
Na avaliação do cirurgião-geral
Renato Poggetti, diretor do pronto-socorro de cirurgia do Hospital
das Clínicas, há falhas em todo o
sistema que atende os traumas:
do resgate à reabilitação. "O atendimento ao trauma ainda é muito
desvalorizado. Não é encarado
com um problema de saúde pública. Tiros, atropelamentos não
acontecem porque Deus quis."
Para ele, o problema não é falta
de recursos. "A questão é empregar bem esses recursos."
No simpósio, especialistas apresentarão políticas de prevenção e
combate ao trauma de outros países. Nos EUA, por exemplo, a prevenção é feita com medidas para
redução de acidentes de trânsito.
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