São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2008

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Promotor denuncia hoje casal por crime

Francisco Cembranelli diz ter "elementos que autorizam denúncia"; ele não disse se dará aval a pedido de prisão feito pela polícia

A denúncia será entregue ao juiz do 2º Tribunal do Júri; caso ele a aceite, Alexandre Nardoni e Anna Jatobá passarão a ser réus

KLEBER TOMAZ
LUÍS KAWAGUTI

DA REPORTAGEM LOCAL

O promotor Francisco Cembranelli, responsável pelo caso Isabella, vai denunciar hoje à Justiça o casal Alexandre Nardoni, 29, pai da menina, e Anna Carolina Jatobá, 24, madrasta, pela morte da criança, ocorrida em 29 de março.
"A denúncia vai ser oferecida amanhã [hoje] com certeza", declarou Cembranelli. "Tenho elementos que autorizam isso", afirmou o promotor.
Cembranelli, no entanto, não quis dizer se dará anuência ao pedido de prisão feito pela delegada Renata Pontes, do 9º Distrito Policial. Ele afirmou que só falará sobre esse assunto durante a entrevista coletiva que concederá hoje às 15h, na sede do Ministério Público.
A denúncia da Promotoria será entregue ao juiz do 2º Tribunal do Júri, Maurício Fossen. Caso ele a aceite, o casal passará a figurar como réu no processo. Se conceder a prisão preventiva, ela poderá se estender até o julgamento.
No relatório final do inquérito que entregou na última quarta-feira à Justiça, a delegada lista os argumentos para pedir a prisão do pai, estagiário de direito, e da madrasta, estudante: o temor de que eles fujam e a possibilidade de que tentem alterar provas obtidas.
Renata Pontes relata que baseou o pedido de prisão preventiva no artigos 311 e 312 do Código de Processo Penal. Esses artigos prevêem o pedido de prisão caso os suspeitos prejudiquem os seguintes pontos: garantia da ordem pública ou econômica, conveniência da instrução criminal e asseguramento da aplicação da lei penal.
Nardoni e Jatobá já haviam sido presos antes em cumprimento a um pedido de prisão temporária, ainda quando eram apontados como suspeitos pela polícia. Ficaram detidos por oito dias e foram soltos em 11 de abril, após um habeas corpus autorizado pela Justiça.
Sete dias depois, a polícia os indiciou pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima) contra Isabella.
De acordo com a delegada, a madrasta tentou asfixiar a enteada, e o pai atirou a filha por um buraco feito na tela de proteção da janela do quarto, do sexto andar do prédio onde moravam, o edifício London, na zona norte.
O casal alega inocência -diz que um ladrão invadiu o prédio e jogou Isabella enquanto Nardoni descia à garagem para pegar a mulher e os outros dois filhos que tem com ela. Isabella é filha do suspeito com Ana Carolina Oliveira, 24.
O promotor chama a versão do casal de "fantasiosa". Para a polícia e a Promotoria, no entanto, laudos técnicos do IC (Instituto de Criminalística) descartam uma terceira pessoa.
Sem qualquer prova irrefutável que incrimine os dois, o que mais pesa contra Nardoni e Jatobá são as ligações feitas do telefone fixo do apartamento, após a queda da menina, sangue encontrado no local e depoimento de testemunhas que afirmam ter escutado discussões do casal.
Ricardo Martins, advogado do casal, afirmou que irá aguardar o pedido de prisão para se posicionar. Ele, no entanto, afirmou que é provável que o pedido seja levado pelo promotor à Justiça.


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