|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Tocar em adolescente não é tocar em criança, diz bispo
Para bispo de Blumenau (SC), porém, abuso sexual deve ser punido nos dois casos
Porta-voz de assembleia da
CNBB diz que declaração de
que "a sociedade é pedófila",
feita por arcebispo, não traduz
o pensamento da entidade
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O bispo emérito de Blumenau (SC), d. Angélico Sândalo
Bernardino, disse ontem que é
preciso distinguir casos de abusos contra crianças de casos de
abusos contra adolescentes.
O bispo opinou a respeito
após ser questionado sobre a
declaração de outro religioso
-o arcebispo de Porto Alegre
(RS), dom Dadeus Grings-,
que disse anteontem que "a sociedade atual é pedófila".
A frase provocou polêmica
no primeiro dia da 48ª Assembleia-Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), realizada em Brasília.
"A sociedade não é pedófila",
disse ontem dom Angélico, para completar mais adiante:
"Acredito que o meu ilustre colega quis dizer que estamos vivendo num ambiente saturado
de uma certa permissividade".
Dom Angélico, da ala progressista da Igreja Católica,
quis frisar durante entrevista a
jornalistas que há uma "confusão generalizada" entre pedofilia e efebofilia (atração sexual
por adolescentes).
"Tocar numa criança é diferente de tocar num adolescente, o que eu não quero dizer que
se deva tocar num adolescente.
Absolutamente, mas é diferente. E essa distinção comumente
não é feita", afirmou.
Questionado se há gravidade
maior quando o abuso é praticado contra criança, dom Angélico respondeu: "Avaliem vocês
no meu lugar, eu acho diferente. Deve também ser punido, e a
lei pune. O próprio Estatuto [da
Criança e do Adolescente] faz
diferença: uma coisa é pedofilia, outra coisa é efebofilia".
Pelo estatuto, criança é a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescente, aquela de
12 a 18 anos. O texto criminaliza
práticas como vender imagens
com cena de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente. Para a CPI da Pedofilia, tais
crimes configuram pedofilia.
Dom Dadeus Grings havia falado sobre pedofilia anteontem
e, na ocasião, disse que só 0,2%
dos crimes foram cometidos
por membros da igreja.
Após a polêmica em torno de
sua declaração de que "a sociedade é pedófila", o porta-voz da
assembleia, dom Orani Tempesta, afirmou ontem que a frase de Grings não traduzia o
pensamento da CNBB.
A questão entra na pauta da
CNBB no momento em que a
Igreja Católica enfrenta acusações de ter acobertado casos de
pedofilia no país e no mundo.
Num caso recente em Arapiraca (AL), um monsenhor acusado de pedofilia disse que "pecou contra a castidade" com
pessoa do mesmo sexo, mas
nunca com crianças ou adolescentes. Ele admitiu a prática de
homossexualismo com um
adulto, o que não é crime.
Texto Anterior: Há 50 Anos Próximo Texto: Foco: Tombado, prédio de antiga algodoeira em Ribeirão Preto é destruído Índice
|