São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Engenheiros são presos após morte em obra

Segundo a PM, donos de construtora adulteravam o local onde servente de pedreiro morreu, em um prédio na Mooca

Flagrados, acusados teriam tentado subornar policiais, que prepararam o flagrante e prenderam dupla quando o pagamento era realizado

JULIANNA GRANJEIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os engenheiros Roberto Bussab, 63, e Takao Kageyama, 65, proprietários da Honduras Engenharia e Construções, foram presos ontem em flagrante ao serem surpreendidos pela Polícia Militar no momento em que adulteravam o local da morte de um trabalhador.
O servente de pedreiro José Aparecido Ferreira da Silva, 18, morreu na tarde de ontem na Mooca, zona leste de São Paulo.
De acordo com a polícia, ele trabalhava na construção de um prédio residencial, que estava sob responsabilidade de um engenheiro da construtora, quando caiu do 10º andar.
Após o acidente, na rua Padre Raposo, trabalhadores ligaram para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que constatou a morte do servente e acionou a Polícia Militar por volta das 15h.
Segundo o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, ao chegar ao prédio em construção, os policiais viram Kageyama colocando uma proteção chamada guarda-corpo no local de onde a vítima caiu.
A PM, então, questionou o empresário sobre o motivo de ele estar mexendo no local do acidente. Em seguida, Kageyama e Bussab ofereceram -ainda de acordo com a versão oficial- R$ 10 mil para que os policiais "não vissem que ele estava modificando o local".
Os policiais militares combinaram, então, que o dinheiro deveria ser entregue em frente à 3ª Delegacia sobre Infrações do Meio Ambiente e Relações do Trabalho, no Bom Retiro, região central de São Paulo. No momento da entrega, os dois engenheiros foram presos.

Crimes
Até o final da noite de ontem, a ocorrência ainda estava em andamento na delegacia. Kageyama e Bussab seriam indiciados ainda ontem sob a acusação de corrupção, fraude processual e homicídio culposo (sem intenção de matar).
Eles foram encaminhados à carceragem do 40º Distrito Policial, na Vila Santa Maria (zona norte), local que, geralmente, abriga presos com diploma superior. Procurado pela Folha, o advogado dos engenheiros, que não se identificou, preferiu não se manifestar por ainda não ter elaborado a defesa dos clientes.


Texto Anterior: Polícia: Fundição de chumbo é fechada no interior de SP
Próximo Texto: Vestibular 2011: UFMG decide usar Enem como 1ª fase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.