São Paulo, sexta-feira, 06 de maio de 2011

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Esgoto do Panamby é despejado no rio

Dejetos de residências de área nobre da zona oeste paulistana vão direto para o Pinheiros, sem nenhum tratamento

Previstas desde a década de 1990, obras da Sabesp que podem resolver o problema vão começar neste ano


GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Uma praça arborizada com um lago habitado por carpas fica bem no meio dos prédios de luxo do Panamby, ao lado do parque Burle Marx, um dos mais belos da cidade, na região do Morumbi, zona oeste paulistana.
Seria a perfeita ligação entre o boom imobiliário e a preservação ambiental não fosse o fato de o esgoto produzido pelos moradores da área nobre ser levado diretamente para o rio Pinheiros.
Região de classe A planejada por construtoras no final da década de 80 às margens do rio, o Panamby até tem a rede coletora de esgoto, mas não dispõe da tubulação para levar os dejetos até uma estação de tratamento.
Com isso, a água suja que sai de apartamentos que podem custar até R$ 5 milhões segue in natura dentro de tubos até o rio poluído.

RESOLUÇÃO
O problema vem sendo discutido pelas associações de bairro e só será resolvido com um obra da Sabesp.
A companhia de saneamento prevê começá-la até o fim do primeiro semestre. Uma reunião entre técnicos e moradores deve ocorrer hoje.
O Panamby, que continua ganhando empreendimentos luxuosos, pertence à Vila Andrade, distrito que mais cresceu (72%) em São Paulo entre 2000 e 2010, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A poluição dos rios costuma ser associada ao crescimento de favelas, mas também é problema de áreas nobres. Em abril passado, a Folha mostrou que no Morumbi há 571 ligações irregulares de esgoto que vão direto para os rios, sem conexão com a rede de esgoto da Sabesp.
São casos que dependem de obras particulares nos imóveis, diferentemente do Panamby, que precisa de intervenções da empresa de saneamento do Estado.
A favela Paraisópolis, segunda maior de São Paulo e próxima ao Panamby, tem parte de seu esgoto tratado.
"Quando a gente compra um imóvel, subentende-se que o bairro tem a estrutura [para tratar o esgoto]. Os moradores aqui não fazem nem ideia do problema. Só descobri em reuniões das quais participei", disse a pedagoga Rosa Richter, 45, vice-presidente da Associação Cultural e de Cidadania do Panamby.


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