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ACIDENTE
Morador vizinho de Congonhas fica ferido; avião transportava malotes do Banco do Brasil de Franca para SP
Bimotor cai sobre casa e mata piloto
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um avião bimotor de transporte de carga, que saiu de Franca
(400 km ao norte de SP) com destino ao aeroporto de Congonhas
(zona sul), caiu na noite de ontem
em uma casa na rua Barão de
Aguiar (Campo Belo), ferindo levemente um morador e matando
o piloto Alexandre Bolcheni, 31.
O acidente aconteceu às 20h20,
quando o avião, que transportava
malotes de cheques do Banco do
Brasil, tentou, sem sucesso, pousar no aeroporto, caindo cerca de
um quilômetro depois. Ainda não
se sabe as causas do acidente.
A aeronave atingiu o telhado da
casa de número 40. Beatriz Athie,
57, trancava as portas e seu marido, Emílio Athie, 83, estava no
quarto quando ocorreu a queda.
O médico aposentado ficou levemente ferido, sendo levado em
seguida ao hospital Artur Ribeiro
Sabóia, no Jabaquara. Beatriz teve
uma crise nervosa. A casa ficou
totalmente destruída.
Com a queda, a aeronave explodiu segundos depois. O incêndio
atingiu a parte da frente do sobrado e foi controlado por 18 carros
do Corpo de Bombeiros. Uma casa ao lado teve a fachada queimada e parte do telhado destruída.
O representante comercial Marcel Britto, 37, vizinho do sobrado,
conta que vazou combustível da
aeronave, o que provocou um incêndio. Segundo ele, as labaredas
chegaram a atingir um metro de
altura. "O combustível vazou e
formou um rio de fogo na rua.
Sorte que não havia ninguém."
Destroços da aeronave atingiram ainda duas casas e um Ford
Ka. Mas ninguém mais se feriu.
Pane
Segundo funcionários do aeroporto, que não quiseram se identificar, o piloto avisou o controle
de vôo de Congonhas que um dos
dois motores havia parado.
Com a pane, Alexandre abortou
a primeira tentativa de aterrissar e
decidiu fazer uma manobra para
ganhar altitude e tentar novamente o pouso. Para isso, depois
de avisar a torre, ele fez uma curva
à esquerda, mas perdeu o controle da aeronave.
Fábio Ribeiro, 26, funcionário
de uma companhia aérea, disse
que estava na cabeceira da pista
quando a aeronave tentou pousar. "A aeronave subiu em seguida e logo depois caiu."
O Piper Navajo, PT-EHL, deixou o aeroporto de Franca às
19h20. Segundo informações do
aeroporto dessa cidade, o piloto
fazia a rota Franca-São Paulo havia apenas dois meses. Ele trabalhava para a empresa Oliveira Táxi Aéreo, de Presidente Prudente,
mas morava em São Paulo, a quatro quadras do aeroporto.
O corpo do piloto, carbonizado,
foi retirado pelo IML por volta das
23h. Durante todo o trabalho de
resgate, a Polícia Militar chegou a
cogitar a possibilidade da existência de um co-piloto, que também
teria morrido no acidente, mas a
informação não foi confirmada
até o final da noite.
O acidente de ontem, o segundo
nos últimos seis meses nas proximidades do aeroporto de Congonhas (leia texto na pág. C4), deixou os moradores da região ainda
mais assustados. Muitos lembraram do acidente da Fokker-100 da
TAM, em outubro de 96, quando
99 pessoas morreram, sendo três
moradoras da região.
O acidente provocou pânico na
família da dona-de-casa Josefa de
Jesus, 54, que mora em frente ao
local do acidente. "Estava tudo
em chamas, parecia que o mundo
ia acabar", disse ela.
Uma comissão de moradores
do Campo Belo se reuniu com a
prefeita Marta Suplicy há cerca de
15 dias. Os moradores foram pedir o fechamento do aeroporto de
Congonhas, por falta de segurança em pousos e decolagens.
Colaboraram o "Agora" e a Folha Online
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