São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2001

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ACIDENTE

Morador vizinho de Congonhas fica ferido; avião transportava malotes do Banco do Brasil de Franca para SP

Bimotor cai sobre casa e mata piloto

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um avião bimotor de transporte de carga, que saiu de Franca (400 km ao norte de SP) com destino ao aeroporto de Congonhas (zona sul), caiu na noite de ontem em uma casa na rua Barão de Aguiar (Campo Belo), ferindo levemente um morador e matando o piloto Alexandre Bolcheni, 31.
O acidente aconteceu às 20h20, quando o avião, que transportava malotes de cheques do Banco do Brasil, tentou, sem sucesso, pousar no aeroporto, caindo cerca de um quilômetro depois. Ainda não se sabe as causas do acidente.
A aeronave atingiu o telhado da casa de número 40. Beatriz Athie, 57, trancava as portas e seu marido, Emílio Athie, 83, estava no quarto quando ocorreu a queda.
O médico aposentado ficou levemente ferido, sendo levado em seguida ao hospital Artur Ribeiro Sabóia, no Jabaquara. Beatriz teve uma crise nervosa. A casa ficou totalmente destruída.
Com a queda, a aeronave explodiu segundos depois. O incêndio atingiu a parte da frente do sobrado e foi controlado por 18 carros do Corpo de Bombeiros. Uma casa ao lado teve a fachada queimada e parte do telhado destruída.
O representante comercial Marcel Britto, 37, vizinho do sobrado, conta que vazou combustível da aeronave, o que provocou um incêndio. Segundo ele, as labaredas chegaram a atingir um metro de altura. "O combustível vazou e formou um rio de fogo na rua. Sorte que não havia ninguém."
Destroços da aeronave atingiram ainda duas casas e um Ford Ka. Mas ninguém mais se feriu.

Pane
Segundo funcionários do aeroporto, que não quiseram se identificar, o piloto avisou o controle de vôo de Congonhas que um dos dois motores havia parado.
Com a pane, Alexandre abortou a primeira tentativa de aterrissar e decidiu fazer uma manobra para ganhar altitude e tentar novamente o pouso. Para isso, depois de avisar a torre, ele fez uma curva à esquerda, mas perdeu o controle da aeronave.
Fábio Ribeiro, 26, funcionário de uma companhia aérea, disse que estava na cabeceira da pista quando a aeronave tentou pousar. "A aeronave subiu em seguida e logo depois caiu."
O Piper Navajo, PT-EHL, deixou o aeroporto de Franca às 19h20. Segundo informações do aeroporto dessa cidade, o piloto fazia a rota Franca-São Paulo havia apenas dois meses. Ele trabalhava para a empresa Oliveira Táxi Aéreo, de Presidente Prudente, mas morava em São Paulo, a quatro quadras do aeroporto.
O corpo do piloto, carbonizado, foi retirado pelo IML por volta das 23h. Durante todo o trabalho de resgate, a Polícia Militar chegou a cogitar a possibilidade da existência de um co-piloto, que também teria morrido no acidente, mas a informação não foi confirmada até o final da noite.
O acidente de ontem, o segundo nos últimos seis meses nas proximidades do aeroporto de Congonhas (leia texto na pág. C4), deixou os moradores da região ainda mais assustados. Muitos lembraram do acidente da Fokker-100 da TAM, em outubro de 96, quando 99 pessoas morreram, sendo três moradoras da região.
O acidente provocou pânico na família da dona-de-casa Josefa de Jesus, 54, que mora em frente ao local do acidente. "Estava tudo em chamas, parecia que o mundo ia acabar", disse ela.
Uma comissão de moradores do Campo Belo se reuniu com a prefeita Marta Suplicy há cerca de 15 dias. Os moradores foram pedir o fechamento do aeroporto de Congonhas, por falta de segurança em pousos e decolagens.


Colaboraram o "Agora" e a Folha Online



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