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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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AMBIENTE

Ubatuba e Caraguatatuba foram as cidades mais afetadas pelo vazamento em terminal da Petrobras em São Sebastião

Óleo atinge 5 praias e 2 ilhas do litoral norte

CAROLINA FARIAS
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Cinco praias e duas ilhas nos municípios de Ubatuba e Caraguatatuba foram atingidas entre anteontem à noite e ontem pelo óleo que vazou na terça-feira do navio norueguês Nordic Marita, no Tebar (Terminal Marítimo Almirante Barroso), unidade da Petrobras em São Sebastião, litoral norte de São Paulo.
É a primeira vez que Ubatuba é atingida por um vazamento de óleo do Tebar -a cidade fica a 78 km de São Sebastião, sede do terminal da Petrobras.
A pior situação ocorreu ontem, quando o óleo chegou a uma região de Ubatuba conhecida como Ponta Grossa, onde estão as praias atingidas -Figueira, Ponta Aguda, Mansa, Lagoa e Saco da Banana. À tarde, a mancha atingiu também a ilha Anchieta, que abriga um parque estadual, e se aproximava da ilha do Mar Virado, também na costa de Ubatuba.
Em Caraguatatuba, anteontem à noite, o óleo atingiu a ilha do Tamanduá e uma fazenda de criação de mariscos.
As condições climáticas do litoral norte durante o dia e a noite de anteontem colaboraram para que o óleo atingisse a costa de Ubatuba e poupasse as praias de Ilhabela, Caraguatatuba e São Sebastião, mais próximas do Tebar.
Um vento que veio do sul para o norte arrastou a mancha, que chegou a ter 16 km de extensão, para a região norte do litoral.
No final da tarde, segundo o terminal, 13.600 litros do total de óleo derramado -15.000 litros, segundo a Petrobras- já tinham sido recolhidos por 128 embarcações. Pelo menos 340 agentes ambientais de São Sebastião, Caraguá e Ilhabela, recrutados pela Petrobras, atuavam na limpeza das praias e na contenção do óleo.
Ontem, a mancha era fragmentada e, próxima à costa, não tinha espessura, sendo apenas iridescente (com um brilho colorido).
De acordo com a Defesa Civil, o petróleo chegou à areia em forma de bolotas -algumas tinham um metro de diâmetro. As manchas na areia eram recolhidas com pás, rodos e peneiras.
No mar, o produto era retirado com bóias, redes, isopor e um equipamento que absorve o óleo com um tipo de serragem.
Ubatuba não dispõe de agentes ambientais treinados para vazamentos, como ocorre em São Sebastião e Ilhabela. "Nunca houve esse tipo de acidente em Ubatuba. Não temos estrutura porque nunca nos preparamos para ocorrências assim", disse o chefe da Defesa Civil, Arly da Cruz.
Segundo ele, cem voluntários atuam na Defesa Civil, que possui seis funcionários. Para o secretário de Meio Ambiente de Ubatuba, Virgílio César Barroso, o incidente com as praias pode servir para sensibilizar o Executivo.
"É triste acontecer isso no Dia Mundial do Meio Ambiente (ontem). A prefeitura deve se sensibilizar e estruturar melhor nossa secretaria", disse Barroso. Segundo ele, a secretaria dispõe somente de dois funcionários, incluindo ele.
Toda a cadeia alimentar da fauna que habita o mar do litoral norte pode ser afetada pela contaminação. Segundo a oceanógrafa Shirley Pacheco, do Instituto Terra e Mar, de São Sebastião, com o óleo atingindo os costões rochosos, os mariscos e mexilhões são os primeiros afetados.
"Eles são os filtradores da água do mar. Aqueles que não morrerem pela grande quantidade de óleo vão acumular toxinas. Esses moluscos irão contaminar peixes e outros animais que se alimentarem deles", explicou.

Multa
A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) vai considerar como agravante o fato de o óleo vazado no acidente de anteontem no Tebar ter atingido praias e ilhas em Ubatuba e Caraguatatuba.
O órgão informou ontem que o óleo nas praias será um dos fatores avaliados para a multa que será aplicada ao terminal.
Ontem, técnicos da agência da Cetesb de Ubatuba acompanharam os trabalhos dos agentes ambientais que limpavam as praias de Ubatuba e faziam o trabalho de contenção do óleo no mar. O órgão deve classificar o acidente como gravíssimo, mesma avaliação feita para aplicar uma multa de 10 mil Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo), em agosto do ano passado, em um acidente semelhante (R$ 114,9 mil hoje).


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