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COMPORTAMENTO
Fazenda com "estacionamento" de jatinhos e comércio de luxo é tomada por banqueiros e empresários
Evento eleva tráfego aéreo de milionários
MAELI PRADO
ENVIADA ESPECIAL A ITIRAPINA
Um hobby para poucos reuniu
neste fim de semana em uma fazenda no interior de São Paulo
uma amostra selecionada dos
bem nascidos e influentes do Brasil. Durante três dias -a programação teve início na sexta-feira-
, banqueiros e empresários se divertiram com as piruetas de cerca
de 250 aeronaves de pequeno porte, muitas próprias.
Para ser uma das 6.000 pessoas
presentes, multidão estimada pela organização do evento até ontem, havia duas formas: inscrever
um avião e chegar pousando na
pista de 1.050 por 30 metros -o
pátio de estacionamento para jatinhos e helicópteros tem 70 mil
m2- ou ser convidado.
Sediado na Fazenda São José,
em Itirapina, a 200 km de São
Paulo, o Broa Fly-In, encontro de
amantes de avião que começou
em 99 como uma comemoração
do aniversário de Fernando de
Arruda Botelho, 56, vice-presidente do conselho da holding Camargo Corrêa, já está em sua sexta edição.
Nenhuma, no entanto, havia
contado até agora com a presença
de patrocinadores e expositores
do porte da Embraer -fabricante
do Legacy, que custa US$ 21,1 milhões-, BMW, Rolls Royce e a
empresa de auditoria e gestão de
negócios Price Waterhouse Coopers, entre outros. O valor cobrado para atingir em cheio um público VIP foi alto: alugar um espaço no local variou de R$ 550 a R$
800 por metro quadrado.
Um preço irrisório, no entanto,
se considerada a chance de divulgação e quem sabe negócios junto
a empresários importantes ou representantes de instituições financeiras. Paulo Setúbal, da Itautec Philco, foi um dos primeiros a
chegar na sexta-feira, no turbo hélice Air King C90 de Botelho.
No mesmo dia, chegaram Antonio Bias, da Fundação Faap, e
Lourival Kiçula, presidente da Tec
Toy. Presentes estavam também
Fabio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, Dimas de Melo
Pimenta 2º, da Dimep, fabricante
de relógios, e Marcio Utsch, presidente da Alpargatas.
Muitos chegavam pilotando os
próprios aviões. A regra tácita, no
entanto, era não apregoar os brinquedos. Empresários ou diretores
de bancos fizeram questão de se
manter no anonimato, parte deles
abrigados nas duas salas VIP
acarpetadas da torre de controle.
Assistiam de lá as apresentações
programadas ao longo do dia, como a Esquadrilha da Fumaça.
Muitos presentes, no entanto,
destoavam do contexto empresário-banqueiro. Militares da Força
Aérea Brasileira e Exército compareceram em peso, assim como
interessados em aviação em geral.
Um hangar e áreas para tendas
foram reservados para expositores de produtos ou serviços de luxo. No estande da Rolls Royce,
que fabrica fora do Brasil motores
para aeronaves, uma revisão de
motores de helicópteros custava
de US$ 40 mil a US$ 50 mil, como
esclarecia um funcionário.
Mas a oferta não se restringiu a
produtos para aeronaves. A clínica Day Off, que em São Paulo cuida do relaxamento dos executivos
da Camargo Corrêa, oferecia sua
cama massageadora e um diagnóstico computadorizado. "É para saber o que acontece energeticamente com o paciente", explicava a vendedora.
Além disso, quatro joalherias
reservaram estandes no local:
Maurício Monteiro -entre as
jóias em oferta estava um anel de
ouro e brilhantes por R$ 54 mil-,
a Amsterdan Sauer, a Monalisa e a
Cristovan.
No mesmo espaço, a Associação
Brasileira dos Estilistas, e as grifes
femininas Walter Rodrigues, Serpui Marie e Rosa Chá dividiam estande. Entre os patrocinadores,
uma surpresa: a popular Casas
Bahia, representada no evento
por Michel Klein, também um entusiasta de aeronaves.
Foram os cerca de 100 patrocinadores, no total, que ajudaram a
pagar parte do R$ 1 milhão investidos para viabilizar o encontro.
Desse total, R$ 300 mil foram usados para a infra-estrutura do local: construção da torre de controle, pista de pouso e estacinamento para as aeronaves. "O
evento não vai se pagar ainda,
mas queremos acreditar no futuro", afirmou Botelho.
Outra parte da infra-estrutura
foi providenciada pelas operadoras de telefonia celular TIM e Vivo: ambas construíram torres para celular na fazenda.
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