São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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COMPORTAMENTO

Fazenda com "estacionamento" de jatinhos e comércio de luxo é tomada por banqueiros e empresários

Evento eleva tráfego aéreo de milionários

MAELI PRADO
ENVIADA ESPECIAL A ITIRAPINA

Um hobby para poucos reuniu neste fim de semana em uma fazenda no interior de São Paulo uma amostra selecionada dos bem nascidos e influentes do Brasil. Durante três dias -a programação teve início na sexta-feira- , banqueiros e empresários se divertiram com as piruetas de cerca de 250 aeronaves de pequeno porte, muitas próprias.
Para ser uma das 6.000 pessoas presentes, multidão estimada pela organização do evento até ontem, havia duas formas: inscrever um avião e chegar pousando na pista de 1.050 por 30 metros -o pátio de estacionamento para jatinhos e helicópteros tem 70 mil m2- ou ser convidado.
Sediado na Fazenda São José, em Itirapina, a 200 km de São Paulo, o Broa Fly-In, encontro de amantes de avião que começou em 99 como uma comemoração do aniversário de Fernando de Arruda Botelho, 56, vice-presidente do conselho da holding Camargo Corrêa, já está em sua sexta edição.
Nenhuma, no entanto, havia contado até agora com a presença de patrocinadores e expositores do porte da Embraer -fabricante do Legacy, que custa US$ 21,1 milhões-, BMW, Rolls Royce e a empresa de auditoria e gestão de negócios Price Waterhouse Coopers, entre outros. O valor cobrado para atingir em cheio um público VIP foi alto: alugar um espaço no local variou de R$ 550 a R$ 800 por metro quadrado.
Um preço irrisório, no entanto, se considerada a chance de divulgação e quem sabe negócios junto a empresários importantes ou representantes de instituições financeiras. Paulo Setúbal, da Itautec Philco, foi um dos primeiros a chegar na sexta-feira, no turbo hélice Air King C90 de Botelho.
No mesmo dia, chegaram Antonio Bias, da Fundação Faap, e Lourival Kiçula, presidente da Tec Toy. Presentes estavam também Fabio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, Dimas de Melo Pimenta 2º, da Dimep, fabricante de relógios, e Marcio Utsch, presidente da Alpargatas.
Muitos chegavam pilotando os próprios aviões. A regra tácita, no entanto, era não apregoar os brinquedos. Empresários ou diretores de bancos fizeram questão de se manter no anonimato, parte deles abrigados nas duas salas VIP acarpetadas da torre de controle. Assistiam de lá as apresentações programadas ao longo do dia, como a Esquadrilha da Fumaça.
Muitos presentes, no entanto, destoavam do contexto empresário-banqueiro. Militares da Força Aérea Brasileira e Exército compareceram em peso, assim como interessados em aviação em geral.
Um hangar e áreas para tendas foram reservados para expositores de produtos ou serviços de luxo. No estande da Rolls Royce, que fabrica fora do Brasil motores para aeronaves, uma revisão de motores de helicópteros custava de US$ 40 mil a US$ 50 mil, como esclarecia um funcionário.
Mas a oferta não se restringiu a produtos para aeronaves. A clínica Day Off, que em São Paulo cuida do relaxamento dos executivos da Camargo Corrêa, oferecia sua cama massageadora e um diagnóstico computadorizado. "É para saber o que acontece energeticamente com o paciente", explicava a vendedora.
Além disso, quatro joalherias reservaram estandes no local: Maurício Monteiro -entre as jóias em oferta estava um anel de ouro e brilhantes por R$ 54 mil-, a Amsterdan Sauer, a Monalisa e a Cristovan.
No mesmo espaço, a Associação Brasileira dos Estilistas, e as grifes femininas Walter Rodrigues, Serpui Marie e Rosa Chá dividiam estande. Entre os patrocinadores, uma surpresa: a popular Casas Bahia, representada no evento por Michel Klein, também um entusiasta de aeronaves.
Foram os cerca de 100 patrocinadores, no total, que ajudaram a pagar parte do R$ 1 milhão investidos para viabilizar o encontro. Desse total, R$ 300 mil foram usados para a infra-estrutura do local: construção da torre de controle, pista de pouso e estacinamento para as aeronaves. "O evento não vai se pagar ainda, mas queremos acreditar no futuro", afirmou Botelho.
Outra parte da infra-estrutura foi providenciada pelas operadoras de telefonia celular TIM e Vivo: ambas construíram torres para celular na fazenda.


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