MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

A administração de Florianópolis tenta, com uma consultoria do ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner (PSB), acabar com a rejeição da população ao sistema de transporte urbano implantado em 2003. O escritório de arquitetura de Lerner foi contratado por R$ 250 mil e tem quatro meses para apresentar um diagnóstico do sistema implantado pela ex-prefeita Ângela Amin (PP) e alternativas aos pontos de ineficiência.
O secretário dos Transportes da cidade, Norberto Stroisch, disse que o estudo contratado não tem o objetivo imediato de reduzir a tarifa de ônibus, mas que "o barateamento [da passagem] é a ponta final" das mudanças.
Na semana passada, a capital de Santa Catarina enfrentou protestos de estudantes contra o aumento de 8,8% aplicado à tarifa. Houve quebra-quebra e choques de manifestantes com a Polícia Militar, que resultaram na prisão de ao menos 25 pessoas. Em uma das manifestações, estudantes depredaram o terminal central e atearam fogo à Câmara.
A Polícia Civil abriu inquéritos contra os líderes das manifestações, tentando enquadrá-los em crimes de formação de quadrilha e incitação ao crime.
Os organizadores prometem retomar os protestos hoje e prosseguir com eles até que o prefeito revogue o reajuste. Formada na sexta-feira, uma comissão com participação de representantes de segmentos sociais -incluindo um integrante do movimento do passe livre a estudantes- começa hoje a estudar a planilha que define o preço das passagens para ver se é possível uma redução já.

Greve de motoristas
Os problemas no sistema de transporte da cidade devem piorar nesta semana, já que, anteontem, motoristas e cobradores do transporte urbano de Florianópolis decidiram em assembléia pela realização de duas paralisações por melhores salários. A categoria não descarta uma greve geral.
A empresa de Jaime Lerner tem a responsabilidade de apontar a solução para, por exemplo, encurtar o tempo de viagem da linha que faz o trecho de 37 km do Rio Vermelho (norte da ilha) ao centro, que o novo sistema -além de ter tornado a passagem mais cara- aumentou em 40 minutos.
Stroisch afirma que a administração do prefeito Dário Berger (PSDB) já abriu as contas da tarifa de ônibus à sociedade quando chamou técnicos da Universidade Federal de Santa Catarina para participar da perícia do custo e do sistema de bilhetagem eletrônica.
Segundo ele, 9,7% da tarifa -cujos preços variam de R$ 1,15 a R$ 3- pagam o financiamento do sistema. "A falha grave da sua implantação foi fazer o usuário bancar grande parte dos custos."

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