São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2008

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PF acha casas com DVD e TV de plasma dentro de presídio

Segundo a polícia, imóveis erguidos no pátio da penitenciária de Campina Grande eram ocupados por presos do semi-aberto

Governo da Paraíba determinou ontem a demolição das 20 casas; foram presos 2 agentes prisionais e 2 ex-diretores

CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal encontrou ontem cerca de 20 casas construídas no pátio de um presídio de Campina Grande (130 km de João Pessoa). Equipados com aparelhos de DVD, TVs de plasma, geladeiras, microondas e equipamentos de ginástica e de som, os imóveis, segundo a PF, eram ocupados, na maior parte, por presos do regime semi-aberto que cumpriam pena por tráfico de drogas e roubo.
A Secretaria da Administração Penitenciária do Estado informou que apenas presos que prestavam serviços ao presídio, como na cozinha ou na limpeza, dormiam nessas casas.
Segundo a PF, foram descobertos também casos de presos que pagavam propina e ficavam meses fora da prisão.
As casas, erguidas no pátio da Penitenciária Regional de Campina Grande Raimundo Asfora, conhecida como Serrotão, foram encontradas durante uma operação contra o tráfico de drogas e de armas.
De acordo com o delegado Gustavo Barros, que coordenou a operação, as investigações começaram em outubro, a partir da apreensão de drogas e de denúncias sobre presos que não ficavam no presídio e comandavam o tráfico na região.
As casas foram construídas durante a gestão de "vários diretores", disse Barros.
"Só tinha casa quem tinha prestígio no presídio. Quando deixavam a prisão, os presos vendiam as casas para outros. Ficamos impressionados com o que encontramos. Era muito conforto", disse Barros.
O procurador Francisco Sagres disse que presos alugavam as casas para encontros sexuais de outros detentos. "As casas foram construídas na área mais nobre do presídio."
Ao menos três caminhões foram usados para remover a mobília. O governador Cássio Cunha Lima (PSDB) determinou a demolição das casas ontem.
Na operação, que recebeu o nome de Albergue, foram presas 20 pessoas, entre elas dois ex-diretores do presídio -que são policiais militares- e dois agentes penitenciários.
Os detentos acusados de comandar o tráfico serão transferidos para outras unidades.
De acordo com a PF, os detentos pagavam aos agentes penitenciários e diretores para ficar fora da prisão. "O líder do grupo pagava cerca de R$ 1.000 por mês e ficava meses fora da cadeia", disse Barros.
Na rua, além de traficar, segundo a PF, cometeram crimes como estupro e assassinato.
A PF e o Ministério Público investigam se houve participação de servidores da Vara de Execuções Penais na progressão de pena dos detentos e na concessão de liberdade condicional. Os envolvidos deverão ser indiciados por corrupção ativa e passiva e tráfico.


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