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Brasil e França adotam estratégias distintas
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Em busca dos destroços do
Airbus, as autoridades brasileiras e francesas adotam posições distintas. Enquanto do lado brasileiro as declarações são
abundantes, do lado francês os
responsáveis pela investigação
adotam um tom cauteloso.
Desde a constatação do desaparecimento do voo, a Air
France, a Airbus, fabricante do
avião, e o BEA (escritório de investigação e análise) emitiram
comunicados sucintos.
Durante as entrevistas coletivas, a estratégia é a de enfatizar que, enquanto não houver
algum dado concreto, os órgãos
competentes não farão especulações sobre as prováveis causas do acidente.
"As autoridades francesas dizem há vários dias que é preciso
ser extremamente prudente",
disse ao canal "i télé" o secretário de Estado dos Transportes
da França, Dominique Bussereau, em relação à condução
das investigações.
Após a confirmação de que os
objetos recolhidos no Atlântico
pela Força Aérea Brasileira não
pertenciam à aeronave desaparecida, Bussereau, embora sem
criticar diretamente o governo
brasileiro, pediu mais uma vez
prudência em relação aos dados da investigação.
Ele disse que "enquanto não
se encontrar as caixas-pretas e
os verdadeiros destroços que
nos possam dar alguma indicação", não se deve declarar nada.
Em uma entrevista ao jornal
"Le Figaro", Pierre Sparaco, especialista em aviação e membro da Academia do Ar e do Espaço, criticou as autoridades
brasileiras. "Elas administram
desastrosamente a situação.
Sobretudo o ministro da Defesa
[Nelson Jobim], que faz declarações demais, ele tem uma
tendência a querer explicar a
situação e a fazer comentários
em excesso", disse Sparaco.
Na quinta-feira passada, o
porta-voz do Estado Maior das
Forças Armadas da França, o
capitão Christophe Prazuck, já
havia declarado: "Não detectamos nada. Nem destroços, nem
objetos nem manchas de óleo".
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