São Paulo, Domingo, 06 de Junho de 1999
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Fabricante defende atual legislação

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local

Os fabricantes brasileiros de armas estão usando uma tradicional arma de lobby para tentar derrubar o projeto que proíbe a venda de armamentos no país -começaram uma campanha para tentar conseguir 4 milhões de assinaturas em um abaixo-assinado a ser levado ao governo.
O documento defende a idéia de que "a venda de armas legais não é responsável pelo quadro de violência atual".
No Brasil, existem cinco fabricantes de armamentos e munições, mas as empresas que têm porte e poder de fogo para fazer lobby contra o projeto de desarmamento são duas, a Forjas Taurus, com sede em Porto Alegre (RS), e a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), em Ribeirão Pires (SP).
Os fabricantes querem conseguir o apoio não apenas das pessoas que têm armas e dos donos de lojas que vendem armamentos e munições, mas querem ampliar o escopo dos que podem apoiar a campanha, incluindo quem é contra a adoção de restrições às liberdades individuais e principalmente os que acham que o projeto poderá incentivar o contrabando e a venda de armas ilegais.
O principal argumento a ser esgrimido pelos fabricantes em defesa das vendas de armas é que a atual legislação já é suficientemente severa e que se for cumprida à risca evitará violência e, mais, poderá reduzir o número de armas em mãos de criminosos ou de pessoas que não sabem usá-las.
O grande problema hoje seria o desrespeito à lei 9.437, de 20 de fevereiro de 1997, que criou o Sistema Nacional de Armas, com uma série de normas sobre a obrigatoriedade de registro das armas e regras para obtenção do seu porte, dizem os fabricantes, que só fornecem informações à imprensa, até agora, por meio de comunicados ou sob a condição de não serem identificados.
Para eles, haveria maior controle sobre quem tem arma se a polícia e a Justiça começassem realmente a punir os infratores.
"Para portar um revólver deve-se comprovar idoneidade, comportamento social produtivo, capacidade técnica de manuseio e, sobretudo, aptidão psicológica", disse Carlos Murgel, presidente da associação dos fabricantes de armas, por meio de sua assessoria.


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