São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Vi ocupantes do Voyage morrerem pegando fogo"

DO "AGORA"

DA AGÊNCIA FOLHA

O sargento da Polícia Rodoviária Estadual Nelson Martins dos Santos estava no km 88 da Castello Branco na hora dos acidentes. "A neblina era tanta que não deu para enxergar nada. Só deu para escutar o forte barulho da batida."
Ele chegou ao local pouco antes do engavetamento. "Eu ia atender à batida de uma ambulância contra um caminhão no km 82 quando avisaram pelo rádio que a situação era crítica no km 88, por causa da neblina." Ele chegou ao local pouco antes da batida. "Começaram os barulhos de batida logo atrás. Corri para o meio do mato. Nunca vi nada igual."
O também policial rodoviário Carlos Henrique Carvalho, 43, seguia num ônibus para São Paulo quando houve o acidente com a ambulância no km 82. "Estava ajudando as vítimas quando vi o clarão na estrada [causado pela explosão do Voyage"", disse.
O soldado, então, foi para o km 88. "Estava um caos, com pessoas gritando, espalhadas pela pista. Vi os ocupantes do Voyage morrerem pegando fogo. Foi horrível. Jamais vou esquecer."
Seu maior choque foi o estado de Daiane Cristina Godoy Nicolina, 11, que seguia na ambulância para o Incor (Instituto do Coração), onde seria operada.
Carvalho diz ter feito massagem cardíaca na menina antes de ela ser levada para o Hospital Regional de Sorocaba. Daiane acabou morrendo no hospital.
O caminhoneiro José dos Santos, 43, envolvido no engavetamento, disse que foi atingido por outro caminhão quando um amigo, que estava mais à frente, o avisava pelo rádio da batida. "Acabei batendo no carro à minha frente. Não dava para enxergar nada."
À tarde, Nelson Pereira, 56, que dirigia um dos caminhões envolvidos, buscava notícias de Sérgio Garcia, internado em Sorocaba. Pereira estava no banco do carona. "Só me salvei por causa do cinto de segurança." Garcia quebrou uma perna e abriu o queixo.
Alexandre Perpétuo, 27, procurava sua mãe, uma tia e um primo, que ficaram levemente feridos. Ele perdeu o pai, Paulo Sérgio Perpétuo, 59, no acidente.
Alexandre foi avisado da colisão por telefone pelo primo. "Eles estavam indo para São Paulo tirar passaporte para visitar um tio nos Estados Unidos. Também ia, mas desisti na última hora."



Texto Anterior: Rodovia teve acidentes inusitados
Próximo Texto: Batida na Fernão Dias tem uma vítima fatal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.