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São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003

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Colégio faz escambo para fugir da crise

DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma década, o Colégio Brasil, na Vila Carrão (zona leste) viu seu corpo discente cair de 2.000 para 200 alunos. Com 44 anos de existência, a escola acabou no ano passado com o ensino médio e cinco cursos técnicos. Segundo a diretora Gleice Cataldo, 48, a crise financeira foi causada pela inadimplência dos alunos que, em alguns períodos, chegou a 35%.
O colégio, que tem dívida de R$ 200 mil com o INSS (já renegociada) e de R$ 50 mil com fornecedores, viu no escambo uma alternativa para sobreviver. Nos últimos três anos, os pais de alunos começaram a trocar mercadorias e serviços por mensalidades.
"Em tempos de crise, uma mão lava a outra", diz Cataldo, psicóloga com pós-graduação em pedagogia. Cerca de 10% das mensalidades dos alunos são pagas dessa maneira, segundo a diretora.
O casal René e Nádia Manzolli, proprietário de uma gráfica, por exemplo, fornece à escola todo material de escritório e cuida da impressão do material de divulgação. A parceria possibilitou até a realização de projetos pedagógicos na gráfica. Os alunos visitam o local para acompanhar a impressão de trabalhos feitos por eles.
Mãe de Letícia, aluna da 2ª série do ensino fundamental do colégio, Nádia só lamenta o fato de o colégio ter acabado com o ensino médio, o que impossibilitou que a filha do meio, Tatiana, 15, continuasse estudando na escola.
O caso mais inusitado, porém, é do administrador de empresas Pedro Rodrigues Quirino, que, desempregado, procurou a escola, preocupado com a impossibilidade de continuar pagando os estudos da filha Lethicia Nunes Quirino, aluna da 5ª série. Hoje, ele faz parte do quadro de funcionários no setor financeiro.


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