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Colégio faz escambo para fugir da crise
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma década, o Colégio Brasil, na Vila Carrão (zona leste) viu
seu corpo discente cair de 2.000
para 200 alunos. Com 44 anos de
existência, a escola acabou no ano
passado com o ensino médio e
cinco cursos técnicos. Segundo a
diretora Gleice Cataldo, 48, a crise
financeira foi causada pela inadimplência dos alunos que, em alguns períodos, chegou a 35%.
O colégio, que tem dívida de R$
200 mil com o INSS (já renegociada) e de R$ 50 mil com fornecedores, viu no escambo uma alternativa para sobreviver. Nos últimos
três anos, os pais de alunos começaram a trocar mercadorias e serviços por mensalidades.
"Em tempos de crise, uma mão
lava a outra", diz Cataldo, psicóloga com pós-graduação em pedagogia. Cerca de 10% das mensalidades dos alunos são pagas dessa
maneira, segundo a diretora.
O casal René e Nádia Manzolli,
proprietário de uma gráfica, por
exemplo, fornece à escola todo
material de escritório e cuida da
impressão do material de divulgação. A parceria possibilitou até a
realização de projetos pedagógicos na gráfica. Os alunos visitam o
local para acompanhar a impressão de trabalhos feitos por eles.
Mãe de Letícia, aluna da 2ª série
do ensino fundamental do colégio, Nádia só lamenta o fato de o
colégio ter acabado com o ensino
médio, o que impossibilitou que a
filha do meio, Tatiana, 15, continuasse estudando na escola.
O caso mais inusitado, porém, é
do administrador de empresas
Pedro Rodrigues Quirino, que,
desempregado, procurou a escola, preocupado com a impossibilidade de continuar pagando os estudos da filha Lethicia Nunes Quirino, aluna da 5ª série. Hoje, ele
faz parte do quadro de funcionários no setor financeiro.
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