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São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003

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ENTREVISTA

Associação quer lançar campanha em prol do transplante de medula

DA REPORTAGEM LOCAL

A Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) inicia um "corpo-a-corpo" para que o Ministério da Saúde aumente o número de leitos para a realização de transplantes de medula óssea. Também quer uma campanha para aumentar o número de doadores. "Fora as pessoas que estão procurando, há as que acham um doador, mas não há leito", afirma Merula Steagall, 37, presidente da associação.
O pedido foi feito ao ministro da Saúde, Humberto Costa, durante evento sobre a política nacional de doação e transplantes de órgãos que ocorreu no domingo passado em Fortaleza.
Segundo a presidente da entidade, o ministério informou que continuará investindo em procedimentos de alta tecnologia.
De acordo com dados da Abrale, para ser um doador é necessário estar em bom estado de saúde e ter entre 18 e 55 anos. As chances de compatibilidade infelizmente são muito pequenas, podem chegar a uma em mil em alguns casos. Daí a necessidade de haver um banco de doares amplo. Informações sobre doação podem ser obtidas pelo telefone 0/xx/21/ 2506-6215. (FL)

Folha - Qual o resultado do encontro?
Merula Steagall
- A área de transplantes será unificada pelo ministério. Consideramos positivo, desde que considerem as diferentes dificuldades de cada setor. E convoquem especialistas para ajudar nessa nova fase.

Folha - Que reivindicações foram colocadas na mesa?
Steagall
- Solicitamos ajuda para uma campanha de conscientização sobre a necessidade de doar a medula. A população não tem noção do que é. Acha que vão tirar um pedaço do osso. Além disso, há 800 pacientes com doadores na própria família, mas que não encontram leito hospitalar para fazer o transplante. Estão há mais de seis meses esperando.
Há ainda outros cem aguardando que conseguiram doadores fora da família. Existe uma fila grande para o transplante de coração, baço, rim. Aguardam alguém que morra e doe. No nosso caso, fora as pessoas que estão procurando, há as que acham um doador, mas não há leito. É preciso investir mais, adequar a tabela de remuneração [do SUS] para que as unidades se interessem e coloquem mais leitos à disposição [segundo a presidente, 13 centros fazem o transplante no país].

Folha - Quantas pessoas procuram doadores?
Steagall
- Pelos dados do Redome [Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea, vinculado ao Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro], umas 1.200 pessoas estão procurando doadores no momento.

Folha - A campanha para estimular a doação deverá ter que tom?
Steagall
- São necessárias duas etapas. Para a primeira, neste ano, contamos com o apoio da iniciativa privada. Vamos conversar com equipes dos 150 hemocentros para que estejam envolvidas com a questão. São as pessoas que irão abordar o doador, explicar que existe a possibilidade de doar a medula. Imagine lançar a campanha para o público, a pessoa liga para o hemocentro e respondem: "Doar o quê?".
As equipes não sabem as doenças que podem levar à necessidade de transplantes [como tipos de leucemias e anemias congênitas -nestas, uma deficiência hereditária gera a produção errônea das células sanguíneas]. Também desconhecem que o índice de cura é alto, em torno de 50% a 80%, dependendo das condições.

Folha - E a segunda etapa?
Steagall
- Prevemos que serão necessários cerca de R$ 5 milhões. Envolveremos TV, todas as mídias. A primeira coisa que tem de ser dita é que para entrar na lista de doadores de medula é preciso apenas doar uma amostra de sangue. Então é feito um registro no Redome. A pessoa pode nunca ser convocada, mas, se houver alguém compatível, telefonarão e ela ainda poderá desistir. Se não desistir, há dois tipos de procedimento. O doador pode passar três horas numa máquina, filtrando o sangue -retiram só a parte da medula, as células-mãe. Outra opção é os médicos fazerem punções do osso da bacia, depois de o doador ser anestesiado. Não há dor, mas incômodo, não é cirurgia.


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