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ENTREVISTA
Associação quer lançar campanha
em prol do transplante de medula
DA REPORTAGEM LOCAL
A Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) inicia
um "corpo-a-corpo" para que o
Ministério da Saúde aumente o
número de leitos para a realização
de transplantes de medula óssea.
Também quer uma campanha
para aumentar o número de doadores. "Fora as pessoas que estão
procurando, há as que acham um
doador, mas não há leito", afirma
Merula Steagall, 37, presidente da
associação.
O pedido foi feito ao ministro da
Saúde, Humberto Costa, durante
evento sobre a política nacional
de doação e transplantes de órgãos que ocorreu no domingo
passado em Fortaleza.
Segundo a presidente da entidade, o ministério informou que
continuará investindo em procedimentos de alta tecnologia.
De acordo com dados da Abrale, para ser um doador é necessário estar em bom estado de saúde
e ter entre 18 e 55 anos. As chances
de compatibilidade infelizmente
são muito pequenas, podem chegar a uma em mil em alguns casos. Daí a necessidade de haver
um banco de doares amplo. Informações sobre doação podem ser
obtidas pelo telefone 0/xx/21/
2506-6215.
(FL)
Folha - Qual o resultado do encontro?
Merula Steagall - A área de
transplantes será unificada pelo
ministério. Consideramos positivo, desde que considerem as diferentes dificuldades de cada setor.
E convoquem especialistas para
ajudar nessa nova fase.
Folha - Que reivindicações foram
colocadas na mesa?
Steagall - Solicitamos ajuda para uma campanha de conscientização sobre a necessidade de doar
a medula. A população não tem
noção do que é. Acha que vão tirar um pedaço do osso. Além disso, há 800 pacientes com doadores na própria família, mas que
não encontram leito hospitalar
para fazer o transplante. Estão há
mais de seis meses esperando.
Há ainda outros cem aguardando que conseguiram doadores fora da família. Existe uma fila grande para o transplante de coração,
baço, rim. Aguardam alguém que
morra e doe. No nosso caso, fora
as pessoas que estão procurando,
há as que acham um doador, mas
não há leito. É preciso investir
mais, adequar a tabela de remuneração [do SUS] para que as unidades se interessem e coloquem
mais leitos à disposição [segundo
a presidente, 13 centros fazem o
transplante no país].
Folha - Quantas pessoas procuram doadores?
Steagall - Pelos dados do Redome [Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea, vinculado
ao Instituto Nacional do Câncer,
no Rio de Janeiro], umas 1.200
pessoas estão procurando doadores no momento.
Folha - A campanha para estimular a doação deverá ter que tom?
Steagall - São necessárias duas
etapas. Para a primeira, neste ano,
contamos com o apoio da iniciativa privada. Vamos conversar com
equipes dos 150 hemocentros para que estejam envolvidas com a
questão. São as pessoas que irão
abordar o doador, explicar que
existe a possibilidade de doar a
medula. Imagine lançar a campanha para o público, a pessoa liga
para o hemocentro e respondem:
"Doar o quê?".
As equipes não sabem as doenças que podem levar à necessidade de transplantes [como tipos de
leucemias e anemias congênitas
-nestas, uma deficiência hereditária gera a produção errônea das
células sanguíneas]. Também
desconhecem que o índice de cura é alto, em torno de 50% a 80%,
dependendo das condições.
Folha - E a segunda etapa?
Steagall - Prevemos que serão
necessários cerca de R$ 5 milhões.
Envolveremos TV, todas as mídias. A primeira coisa que tem de
ser dita é que para entrar na lista
de doadores de medula é preciso
apenas doar uma amostra de sangue. Então é feito um registro no
Redome. A pessoa pode nunca ser
convocada, mas, se houver alguém compatível, telefonarão e
ela ainda poderá desistir. Se não
desistir, há dois tipos de procedimento. O doador pode passar três
horas numa máquina, filtrando o
sangue -retiram só a parte da
medula, as células-mãe. Outra opção é os médicos fazerem punções
do osso da bacia, depois de o doador ser anestesiado. Não há dor,
mas incômodo, não é cirurgia.
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