São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

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VIOLÊNCIA

Imóvel de três andares próximo ao morro do Adeus, na zona norte, teve paredes perfuradas por balas e foi saqueado

Tráfico expulsa moradores de prédio no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Traficantes do morro do Adeus expulsaram os moradores e saquearam um prédio de três andares localizado no pé da favela, no bairro de Ramos (zona norte do Rio). Há conflitos no morro desde sexta-feira, quando o chefe do tráfico no local, Leandro Jesus de Aparecida Sabino, o DJ, ligado à facção ADA (Amigo dos Amigos), foi morto em um tiroteio com a polícia. Desde então, pelo menos mais cinco pessoas foram mortas em tiroteios. Pelo menos 70 famílias foram expulsas de suas casas por traficantes.
O prédio de três andares estava com as paredes furadas por balas. Dentro dele, cômodos estavam revirados. De acordo com a PM, o local foi invadido por membros do bando de DJ, que suspeitavam que os moradores tivessem dado informações para a polícia.
Ontem, moradores também deixavam o morro. Pelo menos duas Kombis carregavam mudanças. Uma mulher disse: "Pelo menos saio daqui com vida".
Traficantes das comunidades Vila do João e Vila do Pinheiro, no complexo da Maré, ligados à facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos), estariam planejando invadir o Adeus para recuperar o controle do tráfico na favela que, segundo a polícia, foi tomado no último final de semana para a quadrilha do vizinho complexo do Alemão, ligada ao CV (Comando Vermelho).
Na noite de anteontem, um novo tiroteio nas proximidades do Adeus assustou os moradores. O confronto ocorreu entre a polícia e traficantes do Alemão.
A polícia tem evidências de que o CV estaria no Adeus. No alto do morro, foram encontradas pichações com a iniciais da facção.
De acordo com os policiais, os traficantes do Alemão contaram com a ajuda de parentes de Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, antigo chefe do tráfico no Adeus, para invadir o morro. No ano passado, familiares de Uê foram expulsos da favela pelo bando de DJ.
Um taxista afirmou que, na noite de sábado, os traficantes do complexo do Alemão estavam roubando carros na rua Uranos, próxima à favela.
Segundo o taxista, dois homens armados com fuzis o abordaram e mandaram que ele seguisse para o morro do Adeus. De acordo com ele, durante todo o trajeto, os criminosos encostaram uma arma na sua cabeça e disseram que pertenciam ao CV.
O taxista afirmou que, quando chegou no morro, a dupla desceu e se encontrou com um grupo de aproximadamente 60 traficantes, todos armados. Ele disse que, na mesma hora, viu um outro grupo descendo o morro e que, naquele momento, iniciou-se um tiroteio.


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