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ENZO CAPITANI (1925-2010)
O italiano e os 60 funcionários
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
O italiano Enzo Capitani
conheceu o Brasil durante a
Segunda Guerra, de tanto ouvir os soldados brasileiros falarem do país. Os pracinhas
da Força Expedicionária passaram pela região de Gaggio
Montano, onde ele nascera.
Arrimo de família, Enzo
pouco participou do conflito.
Mas perdeu um irmão e viu
outro ficar inválido.
Em 1953, já em tempos de
paz na Europa, deixou mulher e filha na casa da mãe e
veio tentar a vida no Brasil.
Em sua terra, havia começado cedo a montar presépios. Como queria dar movimento às peças, passou a se
aprofundar em mecânica.
Em SP, o irmão Alessandro
fundou em 1954 uma empresa, a Capitani Zanini, que
existe até hoje, produzindo
motores usados em portões
de casas e na usina de Itaipu,
para abrir as comportas.
Enzo foi trabalhar na firma. E trouxe mulher e filha
ao país quando as coisas estavam mais estabelecidas.
Sua vida foi dedicada ao
negócio, conta a filha Paola.
Considerava seus 60 funcionários como 60 famílias e,
por isso, nunca mandou ninguém embora. Alguns estão
há 50 anos na firma.
Mesmo sem enxergar direito, ficava o dia todo atrás
do computador trabalhando.
Tinha sotaque carregado.
Chamava as funcionárias de
"minhas pipetas", por gostar
da sonoridade da palavra. Na
empresa, era o "tio".
No domingo (27), fez aniversário. Passou a segunda
com os funcionários, que fizeram festa surpresa. Pediu:
"Que vocês sejam felizes".
Viúvo há 15 anos, morreu
na terça, aos 85, após sofrer
um infarto, dormindo. Teve
duas filhas e cinco netos.
coluna.obituario@uol.com.br
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