São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2010

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ENZO CAPITANI (1925-2010)

O italiano e os 60 funcionários

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

O italiano Enzo Capitani conheceu o Brasil durante a Segunda Guerra, de tanto ouvir os soldados brasileiros falarem do país. Os pracinhas da Força Expedicionária passaram pela região de Gaggio Montano, onde ele nascera.
Arrimo de família, Enzo pouco participou do conflito. Mas perdeu um irmão e viu outro ficar inválido.
Em 1953, já em tempos de paz na Europa, deixou mulher e filha na casa da mãe e veio tentar a vida no Brasil.
Em sua terra, havia começado cedo a montar presépios. Como queria dar movimento às peças, passou a se aprofundar em mecânica.
Em SP, o irmão Alessandro fundou em 1954 uma empresa, a Capitani Zanini, que existe até hoje, produzindo motores usados em portões de casas e na usina de Itaipu, para abrir as comportas.
Enzo foi trabalhar na firma. E trouxe mulher e filha ao país quando as coisas estavam mais estabelecidas.
Sua vida foi dedicada ao negócio, conta a filha Paola. Considerava seus 60 funcionários como 60 famílias e, por isso, nunca mandou ninguém embora. Alguns estão há 50 anos na firma.
Mesmo sem enxergar direito, ficava o dia todo atrás do computador trabalhando.
Tinha sotaque carregado. Chamava as funcionárias de "minhas pipetas", por gostar da sonoridade da palavra. Na empresa, era o "tio".
No domingo (27), fez aniversário. Passou a segunda com os funcionários, que fizeram festa surpresa. Pediu: "Que vocês sejam felizes".
Viúvo há 15 anos, morreu na terça, aos 85, após sofrer um infarto, dormindo. Teve duas filhas e cinco netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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