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SÃO PAULO EM ALERTA
Zona oeste é líder em assaltos a bancos
Região registrou 25 casos no primeiro semestre deste ano, segundo levantamento do setor de inteligência da Polícia Civil
Das 5 delegacias com mais registros, 3 estão na região: 37º DP (Campo Limpo), 15º DP (Itaim Bibi) e 14º DP (Pinheiros), com 3 casos cada
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de clientes, a agência
do Bradesco do Jardim Peri-Peri, zona oeste, parece estar
atraindo a preferência dos criminosos que antes se espalhavam em roubos pela redondeza.
Inaugurada há cerca de um
ano, foi assaltada três vezes. Na
última delas, 15 dias atrás, houve tiroteio, perseguição, atropelamento -e três mortes.
"Tinha muito roubo aqui na
região. Aí, eles abriram o banco,
os assaltantes vão pra lá", acredita a comerciante Cristina
Jardim, 21, que trabalha no armazém do pai, na esquina
oposta à da agência; ela diz que
já foi assaltada "muitas vezes".
De acordo com levantamento do setor de inteligência da
Polícia Civil, a zona oeste é a líder em assaltos a bancos na capital paulista, com 25 registros
no primeiro semestre. Das delegacias com mais registros,
três estão na região: 37º DP
(Campo Limpo), 15º DP (Itaim
Bibi) e 14º DP (Pinheiros), com
três casos cada.
Em números absolutos, o 11º
DP (Santo Amaro), na zona sul,
é o campeão de ocorrências,
com quatro.
A assessoria do Bradesco diz
que a agência está equipada
com dispositivos de segurança
exigidos pelo Banco Central.
Apesar das vítimas, o evento
resultou numa tentativa de assalto. Conforme a polícia, dois
dos seis bandidos ficaram presos no detector de metais, por
volta do meio-dia. O segurança
desconfiou e avisou a um policial de folga que, por coincidência, estava no banco.
Ao perceber o movimento
dos policiais, os bandidos reagiram atirando. Seguiu-se uma
perseguição. Logo, carros do
Grupo de Operações Especiais
(GOE) apareceram no local.
A universitária Camila Mateus, 22, vizinha de porta do
banco, achou mais prudente assistir pela TV ao que estava
acontecendo ao lado de casa.
Camila poderia manter o aparelho ligado, mas sem som, já
que os ruídos da aterrorizante
empreitada ela ouvia em tempo
real. "Minha mãe disse que ninguém sairia de casa."
O dono de uma borracharia a
menos de 100 m dali tinha acabado de atender um motoqueiro. "Assim que o rapaz foi embora, ouvi barulho de estouro
de escapamento. Não parava
mais. Pensei: "Esse cara vai acabar com o escapamento'", conta o borracheiro Osvaldo (que
não diz sobrenome nem idade),
sem atinar que o "barulho de
estouro" eram os tiros.
Em frente à borracharia estava o Astra prata que os bandidos usaram para a fuga. Presos
no trânsito, a menos de 50 m
dali, eles deram um cavalo-de-pau no primeiro cruzamento,
pegaram a pista no sentido contrário, resvalaram em uma menina de sete anos que atravessava a rua com a mãe e bateram
em um muro. A menina sofreu
escoriações leves.
Tiro no vencedor
O primeiro a morrer foi Rafael Ferraz Terra, 23, policial
do GOE que estava no banco à
paisana. "Ele trabalhou naquela noite, mas acordou antes das
10. Estava esperando dar a hora
do rodízio para ir ao banco",
conta a mãe de Rafael, a dona-de-casa Walkiria. Criado no Limão (zona norte), Rafael foi o
primeiro colocado de 2001 no
concurso para investigador policial. Eram cerca de 80 mil
candidatos para 300 vagas.
As duas outras vítimas eram
os bandidos. Morreram ao final
da perseguição, alvejados pelo
instrutor de tiros da academia
da Polícia Militar Carlos Henrique Mendes Navas, 38, o Caíque, outro policial do GOE de
passagem à paisana pelo local.
"A polícia esqueceu um pouco da gente aqui", queixa-se
Augusto Ferreira, 23, dono da
padaria que fica em frente ao
local onde os bandidos rodopiaram para pegar a outra pista.
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