São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2008

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SÃO PAULO EM ALERTA

Zona oeste é líder em assaltos a bancos

Região registrou 25 casos no primeiro semestre deste ano, segundo levantamento do setor de inteligência da Polícia Civil

Das 5 delegacias com mais registros, 3 estão na região: 37º DP (Campo Limpo), 15º DP (Itaim Bibi) e 14º DP (Pinheiros), com 3 casos cada

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Além de clientes, a agência do Bradesco do Jardim Peri-Peri, zona oeste, parece estar atraindo a preferência dos criminosos que antes se espalhavam em roubos pela redondeza. Inaugurada há cerca de um ano, foi assaltada três vezes. Na última delas, 15 dias atrás, houve tiroteio, perseguição, atropelamento -e três mortes.
"Tinha muito roubo aqui na região. Aí, eles abriram o banco, os assaltantes vão pra lá", acredita a comerciante Cristina Jardim, 21, que trabalha no armazém do pai, na esquina oposta à da agência; ela diz que já foi assaltada "muitas vezes".
De acordo com levantamento do setor de inteligência da Polícia Civil, a zona oeste é a líder em assaltos a bancos na capital paulista, com 25 registros no primeiro semestre. Das delegacias com mais registros, três estão na região: 37º DP (Campo Limpo), 15º DP (Itaim Bibi) e 14º DP (Pinheiros), com três casos cada.
Em números absolutos, o 11º DP (Santo Amaro), na zona sul, é o campeão de ocorrências, com quatro.
A assessoria do Bradesco diz que a agência está equipada com dispositivos de segurança exigidos pelo Banco Central.
Apesar das vítimas, o evento resultou numa tentativa de assalto. Conforme a polícia, dois dos seis bandidos ficaram presos no detector de metais, por volta do meio-dia. O segurança desconfiou e avisou a um policial de folga que, por coincidência, estava no banco.
Ao perceber o movimento dos policiais, os bandidos reagiram atirando. Seguiu-se uma perseguição. Logo, carros do Grupo de Operações Especiais (GOE) apareceram no local.
A universitária Camila Mateus, 22, vizinha de porta do banco, achou mais prudente assistir pela TV ao que estava acontecendo ao lado de casa. Camila poderia manter o aparelho ligado, mas sem som, já que os ruídos da aterrorizante empreitada ela ouvia em tempo real. "Minha mãe disse que ninguém sairia de casa."
O dono de uma borracharia a menos de 100 m dali tinha acabado de atender um motoqueiro. "Assim que o rapaz foi embora, ouvi barulho de estouro de escapamento. Não parava mais. Pensei: "Esse cara vai acabar com o escapamento'", conta o borracheiro Osvaldo (que não diz sobrenome nem idade), sem atinar que o "barulho de estouro" eram os tiros.
Em frente à borracharia estava o Astra prata que os bandidos usaram para a fuga. Presos no trânsito, a menos de 50 m dali, eles deram um cavalo-de-pau no primeiro cruzamento, pegaram a pista no sentido contrário, resvalaram em uma menina de sete anos que atravessava a rua com a mãe e bateram em um muro. A menina sofreu escoriações leves.

Tiro no vencedor
O primeiro a morrer foi Rafael Ferraz Terra, 23, policial do GOE que estava no banco à paisana. "Ele trabalhou naquela noite, mas acordou antes das 10. Estava esperando dar a hora do rodízio para ir ao banco", conta a mãe de Rafael, a dona-de-casa Walkiria. Criado no Limão (zona norte), Rafael foi o primeiro colocado de 2001 no concurso para investigador policial. Eram cerca de 80 mil candidatos para 300 vagas.
As duas outras vítimas eram os bandidos. Morreram ao final da perseguição, alvejados pelo instrutor de tiros da academia da Polícia Militar Carlos Henrique Mendes Navas, 38, o Caíque, outro policial do GOE de passagem à paisana pelo local.
"A polícia esqueceu um pouco da gente aqui", queixa-se Augusto Ferreira, 23, dono da padaria que fica em frente ao local onde os bandidos rodopiaram para pegar a outra pista.


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