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Só terá aumento por mérito
o professor que faltar pouco
Pelo novo sistema, quem não atingir frequência mínima não pode pleitear reajuste
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas os professores que
faltarem pouco e estiverem há
um tempo mínimo nas escolas
poderão pleitear aumentos de
25% a cada três anos, a serem
concedidos conforme o desempenho em uma prova.
A nova forma de reajuste salarial na rede estadual de São
Paulo deverá ser apresentada
oficialmente hoje.
A gestão José Serra (PSDB)
pretende incluir fatores de mérito para evolução na carreira
do magistério. Hoje, são considerados apenas o tempo de serviço e os cursos feitos pelo servidor (títulos).
A Assembleia Legislativa
precisa aprovar o projeto, cujo
teor geral foi antecipado pela
colunista da Folha Mônica
Bergamo. Sindicatos criticaram a proposta.
Para participar do sistema, o
docente terá de atingir uma
certa frequência nas aulas e estar na mesma escola por um
período mínimo. Os patamares
ainda serão definidos.
Esses critérios contarão na
nota final do professor, aliados
ao resultado de uma prova que
cobrará conhecimento do conteúdo da disciplina e de didática. Quem não usar as faltas sem
desconto salarial a que tem direito ganha pontos extras.
O governo entende que os índices de ausências dos professores, apesar de estarem em
queda, seguem altos (não há
dados recentes tabulados).
Também é considerada excessiva a rotatividade na rede.
Os dois problemas, aliados à
falta de estímulo ao corpo docente, são apontados pelo Executivo como fatores que dificultam a melhoria do ensino.
Os indicadores educacionais
estão entre as principais críticas à gestão do governador José Serra, que é cotado para a
disputa presidencial de 2010.
Como funcionará
O governo criará cinco faixas
de reajuste. Cada ascensão representará aumento de 25%. O
docente poderá subir de patamar a cada três anos. Ascenderão de faixa até 20% do total de
docentes do patamar (exemplo:
se houver 50 mil na faixa 2, até
10 mil podem subir para a 3).
O salário final do docente de
1ª a 4ª séries do ensino fundamental, hoje em R$ 2.760, poderá ser de R$ 5.429. O inicial,
de R$ 1.597, não muda.
O governo espera atrair para
o magistério egressos do ensino
médio mais bem preparados.
Críticas
Entidades representativas de
professores e diretores criticaram o projeto. Os sindicatos reclamam que o programa restringe os aumentos a apenas
20% do corpo docente e que a
ideia não foi discutida com as
entidades.
A Udemo (sindicato dos diretores) afirma que limitar o número de docentes que poderão
ascender desestimulará os que
não subirem.
"O ideal era que recebessem
aumento todos os que passassem de determinada nota",
afirma o presidente da Udemo,
Luiz Gonzaga.
A Apeoesp (sindicato dos
professores) reclamou que o
projeto não foi debatido.
Para a diretora-executiva da
Fundação Lemann (que capacita diretores da redes públicas), Ilona Becskeházy, a proposta é positiva. Levantamento
preliminar da fundação aponta
que poucos países têm sistema
parecido. O México é um deles.
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