São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2011

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FOCO

Morre o hipopótamo Teteia, animal mais antigo do zoo de SP

LAURA CAPRIGLIONE
DE SÃO PAULO

O hipopótamo fêmea Teteia, 53, animal mais antigo do Zoológico de São Paulo (chegou em 1964 da Argentina, com cinco anos), foi sacrificado ontem, depois de declínio clínico irreversível.
O desenlace foi assistido por dez pessoas, entre veterinários e tratadores, e pela filha caçula de Teteia, a jovem Sininho, de dez anos.
"Decidimos colocar Sininho junto para que ela entendesse que a mãe havia morrido. Elas eram muito unidas", explicou Rodrigo Lopez, veterinário-chefe do zoo. "Se não fosse assim, correríamos o risco de Sininho parar de comer por angústia."
Durante três horas desde as 6h -momento em que um dardo com anestésico atingiu a pele sensível de Teteia- até o instante da morte, às 9h, por parada cardíaca e respiratória induzidas, a filha permaneceu com os tratadores, recebendo carinhos.
Sininho dirigiu-se então ao corpo da mãe, cheirou-o e correu para o tanque. No cercado, dez humanos choravam. "Ela era a avó do zoológico", disse Lopez.
Há cinco semanas, Teteia começou a partir. Diminuiu a quantidade de comida ingerida. Passou dos 30 quilos diários para cinco quilos.
Além da idade avançada (hipopótamos em cativeiro vivem em média 45 anos), Teteia sofria insuficiência renal crônica, anemia, artrose nas patas, problemas odontológicos e úlceras na língua e nas bochechas. Devia sentir dores intensas, mas hipopótamos não choram.
Os veterinários do zoo ainda tentaram tratamento com anti-inflamatórios, antibióticos e analgésicos. Inútil. Há três dias o animal entregou os pontos: suspendeu totalmente a alimentação.
"A eutanásia deu a Teteia a oportunidade de uma morte digna, sem mais dor", disse Lopez. Esta é a terceira perda dramática do zoo em pouco mais de um mês. Em julho, morreram a girafa Cristal, 5, e o leão Esperto, 15.
"Teteia era especial. Pariu gêmeos, uma raridade na natureza. Deixou dez filhos vivos, inclusive Sininho, nascida quando ninguém mais esperava que ela pudesse", testemunhou a bióloga Katia Cassaro, que acompanhou durante 20 anos os mamíferos do zoológico.
Em 2001, Cassaro recebeu à noite o telefonema de um segurança, avisando que havia um filhote no recinto dos hipopótamos. "Eu disse que era impossível, que Teteia estava velha demais. Ele insistiu e fui correndo. Era Sininho." Que viu a mãe morrer.


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