São Paulo, quinta, 6 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MANÍACO DO PARQUE
Para gaúcho, acusado "parecia uma pessoa boa"
Pescador pensou em não denunciar o motoboy

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Itaqui (RS)

O pescador João Carlos Dorneles Vilaverde, 41, que reconheceu Francisco de Assis Pereira como o acusado de ser o maníaco do parque do Estado, conversou várias vezes com o rapaz, em Itaqui (RS), antes de ter desconfiado de sua identidade.
No fim-de-semana passado e na segunda-feira, Vilaverde "bateu um papo" com Pereira, que lhe pareceu ser um "cara normal, tranquilo, que falava muito em Deus e foi à missa no domingo", conforme contou o pescador.
Só anteontem à noite, Vilaverde começou a associar a figura do forasteiro com a imagem que tinha visto na televisão -uma das veiculações durante o Programa do Ratinho, na Rede Record- sobre o maníaco do parque do Estado. Ele falou a respeito de sua desconfiança a um colega pescador, Nilton Fogaça.
Apesar de Pereira estar com fisionomia diferente daquela da foto da TV, agora usando cavanhaque e com o cabelo crescido, Vilaverde teve quase certeza, depois de observar mais detidamente o rapaz, que ele era o acusado.
Nas conversas, Pereira havia dito que trabalhara como motoqueiro em São Paulo e tinha se identificado com o nome de Pedro.
Interesse em garota
Segundo o pescador, Pereira disse que tinha perdido os documentos na Argentina (alegou também ter perdido US$ 700), para onde teria viajado a fim de tentar participar de campeonatos de patinação. Revelou ainda estar interessado em uma garota de Alvear (cidade Argentina separada de Itaqui pelo rio Uruguai).
Vilaverde e o colega, intrigados com as histórias de Pereira, decidiram olhar a documentação que ele carregava na mochila, enquanto o rapaz pescava. Houve a constatação de que o nome na carteira de identidade era o mesmo do acusado dos crimes das jovens em São Paulo.
"Ficamos naquela: denuncia, não denuncia", disse Vilaverde, cuja família foi informada do fato. Às 20h de anteontem, veio a decisão de avisar a Brigada Militar (a PM gaúcha).
"Ele parecia uma pessoa boa. O fato de conhecê-lo não me deu medo, mas fiquei com um certo receio", disse Vilaverde.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.