São Paulo, quinta, 6 de agosto de 1998

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Suspeito afirma ter "problemas íntimos"

ROGÉRIO GENTILE
da Reportagem Local

Após desembarcar em São Paulo, o motoboy Francisco de Assis Pereira afirmou que não é doente mental, mas disse que tem "problemas íntimos", sem explicar quais são.
Com semblante cabisbaixo, voz tranquila e pausada, o motoboy voltou a dizer que é inocente. "Já fiz coisa errada, mas nunca matei", afirmou. "Quero que provem que ataquei, que abusei sexualmente de alguém."
Segundo o motoboy, as mulheres que o acusam de violência sexual estariam "tentando tirar proveito da situação". "Elas foram abusadas por alguém um dia na vida e ficam falando, injustamente, que fui eu", disse.
Ele repetiu por duas vezes que nunca entrou no parque do Estado, local onde todos os corpos foram encontrados. Disse que "conhece o parque de passagem" por ser motoqueiro.
Pereira desembarcou algemado na base aérea de Guarulhos às 15h32. Na viagem de volta, tomou café e comeu um sanduíche.
Segundo o delegado Sérgio Alves, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que trouxe o motoboy de avião, Pereira disse que "possui um lado bom e um outro ruim, e que às vezes o lado ruim se sobrepõe".
De acordo com o delegado, o motoboy teria contado que sofre de ejaculação precoce e que é infeliz por não conseguir constituir uma família, com mulher e filhos.
Ainda segundo o delegado, o motoboy disse que, com frequência, tem pesadelos e acorda suando. "Ele disse que nessas horas vinha uma perversão e revolta grandes, que às vezes afloravam."
Durante a entrevista, que demorou uma hora e 45 minutos, o motoboy afirmou que o fato de a carteira de identidade de uma das vítimas ter sido encontrada na tubulação de uma das privadas do escritório onde trabalhava não prova nada. "Como meus chefes falavam, o escritório é uma verdadeira casa da mãe Joana. Muita gente entra e sai durante o dia todo."
O motoboy disse que o diário encontrado, em que o autor afirma querer namorar uma garota de 12 anos para criar, não foi escrito por ele. "Quero que examinem minha letra para provar que não fui eu quem escreveu aquilo."



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