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Deputado é recordista de votos
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
Luiz Estevão de Oliveira Neto é
um dos personagens brasilienses
mais conhecidos nacionalmente.
Como político, é deputado distrital e líder do PMDB na Câmara
Legislativa do DF, um misto de Câmara de Vereadores e Assembléia
Legislativa da capital da República.
Tem sido o mais forte opositor do
governador do DF, o petista Cristovam Buarque.
Eleito para o primeiro mandato
em 94, pelo extinto PP, teve a
maior votação proporcional da
história do DF -46.209 votos. Sonha chegar ao governo local, mas
cedeu a vaga na chapa de 98 para o
ex-governador Joaquim Roriz. Em
compensação, é o mais votado em
todas as pesquisas para o Senado.
A trajetória pessoal de Luiz Estevão é impressionante. Sua mãe
morreu quando ele nasceu, no
Rio, em 1950. Aos 16 anos, veio
passar as férias com um tio, o empresário Lino Martins, e acabou
radicando-se em Brasília.
Foi nessa época que conheceu
Fernando Collor de Mello, no Colégio Ciem. Ambos eram rapazes
bonitos, namoradores, que gostavam de caratê e corridas de carro.
Logo ficaram amigos e foi essa
amizade que, pouco mais de 20
anos depois, projetou o nome de
Luiz Estevão nacionalmente.
Ele foi um dos dois avalistas da
chamada "Operação Uruguai",
suposto empréstimo de US$ 5 milhões tomado a uma instituição financeira uruguaia pelo secretário
particular de Collor na Presidência
da República, Cláudio Vieira.
A operação, que justificaria as
despesas do então presidente,
nunca foi confirmada, deixando
Estevão e o outro avalista -seu
velho amigo e hoje rival Paulo Octavio Pereira- como alvo da curiosidade nacional.
Luiz Estevão passou no vestibular de Física da Universidade de
Brasília, mas não se formou. Dois
semestres depois, o campus foi fechado pelo regime militar e ele foi
trabalhar com o tio Lino na sua loja de pneus, a Revendedora OK.
Casou mais tarde com Cleucy, filha do também empresário Cleto
Meirelles. Os dois têm seis filhos.
Em 1994, resolveu entrar definitivamente para a política. Para azar
do atual governador petista.
Um a um, os projetos do governo
encontram em Luiz Estevão um
opositor ferrenho na Câmara Legislativa e até na Justiça.
Os dois principais exemplos são:
a instituição de alíquotas progressivas para o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), que Estevão derrubou na Câmara, e a instalação dos "pardais", sistema
eletrônico de controle da velocidade de veículos, que ele transformou numa guerra de liminares.
Um terceiro exemplo é a criação
da chamada "Cidade Estrutural",
que Luiz Estevão fez tudo para
criar e que Buarque não aceita.
Ambicioso, teimoso, brigão,
Luiz Estevão é considerado um adversário implacável não só de Cristovam, mas de velhos amigos, como Paulo Octavio, com quem disputa na política e nos negócios.
Os maiores símbolos dessa disputa são os prédios inteligentes e
os hotéis que proliferam no centro
de Brasília.
Como todo brigão, é também
precavido. Cercou-se de seguranças pessoais, atraiu policiais militares para seu gabinete e tem uma
boa relação com a categoria no DF.
Uma relação que, agora, poderá
lhe ser muito útil para um bom
desfecho do sequestro da filha
Cleucy.
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