São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997.



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Deputado é recordista de votos

ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília

Luiz Estevão de Oliveira Neto é um dos personagens brasilienses mais conhecidos nacionalmente.
Como político, é deputado distrital e líder do PMDB na Câmara Legislativa do DF, um misto de Câmara de Vereadores e Assembléia Legislativa da capital da República. Tem sido o mais forte opositor do governador do DF, o petista Cristovam Buarque.
Eleito para o primeiro mandato em 94, pelo extinto PP, teve a maior votação proporcional da história do DF -46.209 votos. Sonha chegar ao governo local, mas cedeu a vaga na chapa de 98 para o ex-governador Joaquim Roriz. Em compensação, é o mais votado em todas as pesquisas para o Senado.
A trajetória pessoal de Luiz Estevão é impressionante. Sua mãe morreu quando ele nasceu, no Rio, em 1950. Aos 16 anos, veio passar as férias com um tio, o empresário Lino Martins, e acabou radicando-se em Brasília.
Foi nessa época que conheceu Fernando Collor de Mello, no Colégio Ciem. Ambos eram rapazes bonitos, namoradores, que gostavam de caratê e corridas de carro. Logo ficaram amigos e foi essa amizade que, pouco mais de 20 anos depois, projetou o nome de Luiz Estevão nacionalmente.
Ele foi um dos dois avalistas da chamada "Operação Uruguai", suposto empréstimo de US$ 5 milhões tomado a uma instituição financeira uruguaia pelo secretário particular de Collor na Presidência da República, Cláudio Vieira.
A operação, que justificaria as despesas do então presidente, nunca foi confirmada, deixando Estevão e o outro avalista -seu velho amigo e hoje rival Paulo Octavio Pereira- como alvo da curiosidade nacional.
Luiz Estevão passou no vestibular de Física da Universidade de Brasília, mas não se formou. Dois semestres depois, o campus foi fechado pelo regime militar e ele foi trabalhar com o tio Lino na sua loja de pneus, a Revendedora OK.
Casou mais tarde com Cleucy, filha do também empresário Cleto Meirelles. Os dois têm seis filhos.
Em 1994, resolveu entrar definitivamente para a política. Para azar do atual governador petista.
Um a um, os projetos do governo encontram em Luiz Estevão um opositor ferrenho na Câmara Legislativa e até na Justiça.
Os dois principais exemplos são: a instituição de alíquotas progressivas para o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), que Estevão derrubou na Câmara, e a instalação dos "pardais", sistema eletrônico de controle da velocidade de veículos, que ele transformou numa guerra de liminares.
Um terceiro exemplo é a criação da chamada "Cidade Estrutural", que Luiz Estevão fez tudo para criar e que Buarque não aceita.
Ambicioso, teimoso, brigão, Luiz Estevão é considerado um adversário implacável não só de Cristovam, mas de velhos amigos, como Paulo Octavio, com quem disputa na política e nos negócios.
Os maiores símbolos dessa disputa são os prédios inteligentes e os hotéis que proliferam no centro de Brasília.
Como todo brigão, é também precavido. Cercou-se de seguranças pessoais, atraiu policiais militares para seu gabinete e tem uma boa relação com a categoria no DF. Uma relação que, agora, poderá lhe ser muito útil para um bom desfecho do sequestro da filha Cleucy.



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