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TORNEIRA ABERTA
Valor é metade do investimento de 2004
Sabesp perde R$ 48 mi por ano com ligações clandestinas na Grande SP
CLAYTON FREITAS
DO "AGORA"
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo) registra um prejuízo
de R$ 48 milhões por ano com os
chamados "gatos" na rede -os
desvios clandestinos de água e
também as adulterações nos hidrômetros. Essa é a estimativa de
perda de arrecadação em sua área
de atuação na Grande São Paulo,
que abrange 37 municípios.
O valor que é desviado dessa
forma corresponde a 1,2% do faturamento anual da empresa estatal -que, no ano passado, chegou a R$ 4,1 bilhões. Representa
quase a metade do que a Sabesp
pretende investir neste ano da região metropolitana de São Paulo,
já que a previsão para este ano é
de R$ 105 milhões.
A situação afeta as intervenções
planejadas pela companhia. "Poderíamos fazer atualmente pelo
menos 50% a mais do que pretendemos fazer em investimento,
mas não podemos por conta desse prejuízo", afirma Francisco José Paracampos, o superintendente da unidade responsável pela região central da Sabesp.
"Ação de inteligência"
Para tentar evitar um rombo
ainda maior em seu faturamento
e o desperdício de água, a companhia tem à disposição uma equipe
formada por 300 integrantes, os
chamados "caça-fraudes".
O grupo possui três estratégias
para combater os "gatos". Uma
delas é o recebimento de denúncias -feitas, geralmente, pelo telefone de atendimento geral da
empresa, o 195.
Outra tática para eliminar as irregularidades é a leitura dos hidrômetros, que registram o volume consumido por cada ponto. A
terceira medida é recorrer a uma
espécie de trabalho de "inteligência". A empresa realiza um cruzamento de informações de consumo no banco de dados e detecta
irregularidades.
De acordo com os números da
estatal paulista, são realizadas, em
média, 2.150 inspeções a cada mês
na Grande São Paulo. Cerca de
65% dos casos são comprovados
como fraude. As ações recuperam
mensalmente R$ 660 mil.
Penalidades
Depois de ser feita a detecção da
fraude, a Sabesp analisa cada caso
para adotar uma providência, já
que a empresa não possui poder
de polícia para prender os consumidores flagrados.
Segundo o superintendente da
unidade do centro, nem todas as
irregularidades são convertidas
em boletins de ocorrência. Somente 10% das fraudes detectadas
vão parar na polícia, afirma Paracampos. "Primeiramente tentamos fazer um acordo para que a
pessoa pague o débito. Apenas fazemos [um boletim de ocorrência] quando há reincidência,
grandes fraudes e assuntos complexos", afirmou.
Se o acordo não for feito e o caso
chegar à delegacia, são convocados os técnicos do IC (Instituto de
Criminalística) para fazer um laudo. Se a fraude for confirmada, o
documento passa a ser anexado
ao inquérito policial.
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