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Empresários contra projeto de outdoor protestam na Câmara
Setor é contra proposta da Prefeitura de São Paulo, que proíbe também painéis eletrônicos, por considerá-la muito restritiva
Cerca de 200 pessoas, de acordo com a Polícia Militar, protestaram com faixas; governo municipal admitiu que podem haver mudanças
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um contingente de empresários do setor publicitário,
apoiados por uma platéia uniformizada e parte dos vereadores, lotou a Câmara ontem para
tentar barrar o projeto de lei
que proíbe outdoors e painéis
eletrônicos em São Paulo. O governo admitiu que o projeto pode sofrer alterações.
Foi a primeira das quatro audiências públicas previstas para debater o projeto, aprovado
em primeira votação no último
dia 23. As outras audiências serão nos dias 12, 19 e 26 deste
mês. A lei dos outdoors, então,
será votada de forma definitiva.
Embora o projeto seja considerado prioritário para o prefeito Gilberto Kassab (PFL),
nenhum secretário compareceu. A arquiteta Regina Monteiro, diretora da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), representou o governo.
"Foi uma audiência técnica,
não política. A presença de um
secretário é política", disse.
A ausência irritou os vereadores. "Vereador Dalton Silvano [do PSDB], o senhor, que é
da base governista, deve cuidar
para que, na próxima audiência, os secretários estejam presentes", disse o vereador Antonio Carlos Rodrigues (PL).
Paulo Fiorilo (PT) também
mostrou contrariedade.
Audiência
A audiência deu mostras do
lobby do setor publicitário contra o projeto de lei. Com críticas
ao texto de Kassab, cerca de
200 manifestantes, segundo a
Polícia Militar, ficaram em
frente à Câmara, alguns dos
quais com faixas. Parte do grupo assistiu à audiência das galerias, com camisas de empresas
de publicidade e cartazes em
tom ameaçador direcionados
aos vereadores. "Você será responsável pelo aumento do desemprego. Seja contra [o projeto]" e "Queremos seu veto"
eram alguns dos dizeres.
Representantes de sindicatos de funcionários, de publicitários, de anunciantes e das
empresas de publicidade exterior discursaram com o argumento de que a ofensiva contra
a publicidade acabaria com 20
mil empregos e enfraqueceria o
setor. O projeto foi considerado
"excessivamente restritivo".
Segundo Rafael Sampaio, vice-presidente da Associação Brasileira de Anunciantes, os principais afetados serão as pequenas e médias empresas. Os
grandes anunciantes não perderão porque migrarão os
anúncios para outros veículos
-rádio, tevê e revistas, disse.
O setor prepara um substitutivo para apresentar à Câmara,
segundo Júlio Albieri Neto,
presidente do Sepex (Sindicato
das Empresas de Publicidade
Exterior). Sem entrar em detalhes, ele avaliou o projeto de lei
como proibitivo demais. Uma
das alterações a serem discutidas é uma permissão para os
comerciantes manterem publicidade indicativa superior aos 4
m2 previstos na lei.
Vaiada pelo público em alguns momentos, Regina Monteiro argumentou ser favorável
ao projeto, mas admitiu que a
Câmara pode alterar trechos
da lei. Segundo ela, a atual lei é
ruim porque impede que a prefeitura multe as propagandas
irregulares após um determinado período -45 dias de o
outdoor ter sido instalado.
Monteiro rebateu a afirmação
de vereadores de que a única
publicidade permitida na nova
lei, do mobiliário urbano, é
uma forma de restringir o mercado às grandes empresas.
"Não existe "pacotão". Vamos
promover um concurso para
valorizar o trabalho nacional",
afirmou, sem dar detalhes. A
fiscalização, disse, contará com
o apoio de estudantes do último ano de universidades.
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