São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2006

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Agência de saúde dá nota baixa a 74% das operadoras

De 2.014 empresas, 26% atingiram um índice superior a 0,5 numa escala de 0 a 1

Em pesquisa, mais da metade das operadoras -55%- receberam nota zero porque não prestaram informações consistentes

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

A Agência Nacional de Saúde Suplementar, em pesquisa divulgada ontem, deu nota baixa para os serviços prestados por 74% das operadoras de saúde privadas do país.
A partir de uma escala que vai de 0, o pior possível, a 1, o melhor, os resultados mostram que, de um total de 2.014 empresas, 26% atingiram um índice superior a 0,5, 19% tiveram desempenho inferior a isso e 55% receberam nota zero porque não prestaram informações consistentes à ANS.
Segundo o diretor-presidente do órgão, Fausto Pereira dos Santos, o objetivo é dar ao consumidor um elemento a mais na escolha ou avaliação de seu plano de saúde. "Queremos trazer mais informações ao consumidor, que hoje basicamente avalia as operadoras apenas pelo marketing e pelo preço."
Para não comparar empresas com perfis distintos, a agência dividiu as operadoras de planos médico-hospitalares ou odontológicos em oito categorias, que vão desde empresas específicas de sindicatos ou funcionários de empresas até cooperativas ou seguros de saúde de instituições com fins lucrativos abertas a qualquer consumidor. A divisão também foi feita segundo o porte para evitar que empresas pequenas fossem comparadas com as grandes.
Como é a primeira vez que esses dados são divulgados pela ANS, não é possível comparar o desempenho das operadoras neste ano com o de anos anteriores. No geral, porém, o diretor-presidente da agência diz que houve uma pequena melhora no setor em relação a 2004, ano em que houve uma divulgação apenas de dados gerais dos maiores setores.
"Observamos de 2004 para 2005 uma melhoria do ponto de vista da qualidade das informações prestadas à ANS. Também percebemos, com base em um anuário do setor lançado neste ano, uma melhoria da saúde financeira do setor."
Para chegar ao cálculo de um índice que avalia cada operadora, foram considerados 41 indicadores de quatro áreas: qualidade na atenção à saúde; situação econômica e financeira; estrutura e operação da empresa; e grau de satisfação do beneficiário. As notas foram divididas em quatro categorias: abaixo de 0,25; de 0,25 a 0,50; de 0,50 a 0,75; e acima de 0,75.
No cálculo da nota geral das 906 empresas avaliadas (ou seja, excluindo as 1.108 operadoras que não deram dados consistentes), a média geral do setor médico-hospitalar foi de 0,551, enquanto a média do setor de empresas de planos odontológicos foi de 0,506.
As 1.108 operadoras que não prestaram informações podem ser multadas, terem que assinar um termo de conduta, sofrerem intervenção e, em caso em que for constatada incapacidade para operar, até fechar.
Para Santos, as empresas que tiveram nota zero são motivo de preocupação. "Se eu estivesse vinculado a uma operadora que resiste ao processo regulatório da ANS ou com nota zero por dar informações inconsistentes, estaria certamente preocupado. Se a empresa não consegue processar seus próprios dados, como organiza a assistência?", afirma.

Dor de cabeça
Há oito anos pagando o mesmo plano de saúde, Paulo Hideo Yamagushi, 60, tinha certeza de que não teria dor de cabeça quando, no fim do ano passado, descobriu que precisaria fazer uma cirurgia no coração. Passou pelo médico, fez os exames mas, na hora de marcar a operação, descobriu que a Bradesco Saúde não pagaria o "stent" (um espécie de válvula que impede o entupimento de veias e artérias e custa entre R$ 2.900 e R$ 4.000) que teria de colocar perto da aorta. No começo do ano, ele entrou com um processo no Tribunal de Pequenas Causas. "Ganhei a ação e, em maio, fiz a cirurgia. Não é justo a gente não poder usar um plano quando precisa."
A Bradesco Saúde informou que o caso se trata de cobertura não contratada pelo segurado. "A liminar já foi cumprida e a seguradora apresentará na época oportuna a sua defesa em juízo", diz nota da assessoria. (DANIELA TÓFOLI, da Reportagem Local)


NA INTERNET - Veja a pesquisa em www.ans.gov.br


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