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Agência de saúde dá nota baixa a 74% das operadoras
De 2.014 empresas, 26% atingiram um índice superior a 0,5 numa escala de 0 a 1
Em pesquisa, mais da metade das operadoras -55%- receberam nota zero porque não prestaram informações consistentes
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A Agência Nacional de Saúde
Suplementar, em pesquisa divulgada ontem, deu nota baixa
para os serviços prestados por
74% das operadoras de saúde
privadas do país.
A partir de uma escala que vai
de 0, o pior possível, a 1, o melhor, os resultados mostram
que, de um total de 2.014 empresas, 26% atingiram um índice superior a 0,5, 19% tiveram
desempenho inferior a isso e
55% receberam nota zero porque não prestaram informações consistentes à ANS.
Segundo o diretor-presidente do órgão, Fausto Pereira dos
Santos, o objetivo é dar ao consumidor um elemento a mais
na escolha ou avaliação de seu
plano de saúde. "Queremos trazer mais informações ao consumidor, que hoje basicamente
avalia as operadoras apenas pelo marketing e pelo preço."
Para não comparar empresas
com perfis distintos, a agência
dividiu as operadoras de planos
médico-hospitalares ou odontológicos em oito categorias,
que vão desde empresas específicas de sindicatos ou funcionários de empresas até cooperativas ou seguros de saúde de instituições com fins lucrativos
abertas a qualquer consumidor. A divisão também foi feita
segundo o porte para evitar que
empresas pequenas fossem
comparadas com as grandes.
Como é a primeira vez que
esses dados são divulgados pela
ANS, não é possível comparar o
desempenho das operadoras
neste ano com o de anos anteriores. No geral, porém, o diretor-presidente da agência diz
que houve uma pequena melhora no setor em relação a
2004, ano em que houve uma
divulgação apenas de dados gerais dos maiores setores.
"Observamos de 2004 para
2005 uma melhoria do ponto
de vista da qualidade das informações prestadas à ANS. Também percebemos, com base em
um anuário do setor lançado
neste ano, uma melhoria da
saúde financeira do setor."
Para chegar ao cálculo de um
índice que avalia cada operadora, foram considerados 41 indicadores de quatro áreas: qualidade na atenção à saúde; situação econômica e financeira; estrutura e operação da empresa;
e grau de satisfação do beneficiário. As notas foram divididas
em quatro categorias: abaixo de
0,25; de 0,25 a 0,50; de 0,50 a
0,75; e acima de 0,75.
No cálculo da nota geral das
906 empresas avaliadas (ou seja, excluindo as 1.108 operadoras que não deram dados consistentes), a média geral do setor médico-hospitalar foi de
0,551, enquanto a média do setor de empresas de planos
odontológicos foi de 0,506.
As 1.108 operadoras que não
prestaram informações podem
ser multadas, terem que assinar um termo de conduta, sofrerem intervenção e, em caso
em que for constatada incapacidade para operar, até fechar.
Para Santos, as empresas que
tiveram nota zero são motivo
de preocupação. "Se eu estivesse vinculado a uma operadora
que resiste ao processo regulatório da ANS ou com nota zero
por dar informações inconsistentes, estaria certamente
preocupado. Se a empresa não
consegue processar seus próprios dados, como organiza a
assistência?", afirma.
Dor de cabeça
Há oito anos pagando o mesmo plano de saúde, Paulo Hideo Yamagushi, 60, tinha certeza de que não teria dor de cabeça quando, no fim do ano
passado, descobriu que precisaria fazer uma cirurgia no coração. Passou pelo médico, fez
os exames mas, na hora de marcar a operação, descobriu que a
Bradesco Saúde não pagaria o
"stent" (um espécie de válvula
que impede o entupimento de
veias e artérias e custa entre R$
2.900 e R$ 4.000) que teria de
colocar perto da aorta. No começo do ano, ele entrou com
um processo no Tribunal de
Pequenas Causas. "Ganhei a
ação e, em maio, fiz a cirurgia.
Não é justo a gente não poder
usar um plano quando precisa."
A Bradesco Saúde informou
que o caso se trata de cobertura
não contratada pelo segurado.
"A liminar já foi cumprida e a
seguradora apresentará na
época oportuna a sua defesa em
juízo", diz nota da assessoria.
(DANIELA TÓFOLI, da Reportagem Local)
NA INTERNET - Veja a pesquisa em
www.ans.gov.br
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