São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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Doações de sangue caem pela metade em todo o país

Vacina da rubéola impede doações durante 1 mês

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A vacinação em massa contra rubéola, iniciada há quase um mês e que termina no próximo dia 12, fez cair pela metade a doação de sangue em todo país. Em alguns Estados, como São Paulo, Santa Catarina e Minas, cirurgias eletivas e transplantes já começam a ser adiados.
A queda tem ocorrido porque, após a imunização, é preciso esperar pelo menos um mês para fazer a doação de sangue. E são justamente as pessoas entre 20 e 40 anos, público-alvo da campanha contra rubéola, as maiores doadoras de sangue. A vacina contém o vírus atenuado da rubéola, que pode ser prejudicial aos doentes.
No Hospital São Paulo, ligado à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o cancelamento de cirurgias começou ontem em razão da queda de 50% no número de doações. "Estamos no ápice da crise e a prioridade são as cirurgias de emergência", afirma Maria Angélica Soares, coordenadora do hemocentro do hospital.
Na Santa Casa de São Paulo, onde a queda nas doações é também de 50%, a previsão é que o adiamento das cirurgias comece a partir de segunda. Outra preocupação é com a falta de plaquetas, componente sangüíneo fundamental para pacientes com leucemia.
Na Grande Florianópolis (SC), todas as cirurgias programadas de hospitais e clínicas foram canceladas ou adiadas. Se as doações não aumentarem, o adiamento pode ser estendido para todo o Estado, segundo o Hemosc (Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina).
Em nota, o Hemosc informa que as doações diminuíram, em média, 54%. O ideal de coleta, segundo o centro, é 120 bolsas/dia. A média caiu para 65 bolsas/dia. O público-alvo da campanha contra rubéola representa 75% dos doadores de sangue. O Hemosc é responsável por 90% do sangue transfundido no Estado.
Em Belo Horizonte (MG), o estoque de sangue está 70% abaixo do necessário. Em todo o Estado as doações caíram pela metade. As cirurgias e os transplantes de órgãos também estão sendo cancelados em razão da falta de sangue.
Internada há oito dias em hospital da capital mineira, a dona-de-casa Eni de Fátima Santos teve a cirurgia cardíaca cancelada por quatro vezes. "Preciso de sangue para poder operar e não estou consigo."

Falta de informação
Para os hemocentros, faltou informação aos doadores sobre a impossibilidade de doar sangue um mês após a vacinação contra rubéola.
"Não houve divulgação em massa sobre esse impedimento. Muita gente está querendo doar, mas infelizmente não pode. Nem podemos pegar [sangue] emprestado porque está todo mundo sem" diz Maria Angélica, da Unifesp.
Renata Antunes, responsável pelo serviço de captação de doador da Santa Casa, também diz que as pessoas não foram informadas o suficiente sobre a restrição da doação de sangue após a vacina. Segundo ela, 60% dos doadores estão sendo recusados porque foram vacinados contra a rubéola.
Renata diz que o hemocentro está apelando para que as pessoas que estejam fora da idade preconizada para a vacina de rubéola -jovens entre 18 e 19 anos e adultos entre 40 e 65 anos- doem sangue.
De acordo com o Ministério da Saúde e a Secretaria da Saúde de São Paulo, houve orientação para que os hemocentros informassem seus doadores sobre a restrição na doação de sangue após a vacinação.


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