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Uso do transporte coletivo cresce em SP
Em 40 anos, é a 1ª vez que o uso do transporte público na região metropolitana de São Paulo cresce percentualmente no total de viagens
Pela pesquisa Origem/ Destino, diariamente há 37,6 milhões de viagens, sendo 66,4% motorizadas e 33,6% a pé ou de bicicleta
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez em 40
anos, o uso do transporte coletivo inverteu a tendência de
queda na região metropolitana
de São Paulo, chegando a 55%
das viagens motorizadas.
O dado é da mais recente pesquisa OD (Origem/Destino) do
Metrô, feita no ano passado e
divulgada ontem.
Pela pesquisa, todos os dias
ocorrem 37,6 milhões de viagens -20% a mais que em 1997.
Nos dez anos anteriores, o crescimento fora de 6,8%. Do total
atual de viagens, dois terços são
motorizadas e o restante é feito
a pé ou de bicicleta.
Segundo a OD, 55% das viagens diárias motorizadas correspondem a ônibus, trem ou
metrô, enquanto 45% são por
automóvel, caminhão, moto ou
táxi. O uso do transporte coletivo cresceu 31% em dez anos,
mais que o dobro do individual.
Em 1967, ano da primeira
pesquisa OD, o transporte coletivo representava 68% das viagens motorizadas. Trinta anos
depois, caiu para 51%, e em
2002, ano do último dado disponível, chegou a ser ultrapassado pelo transporte individual, que passou a responder
por 53% das viagens.
A OD levou em consideração
entrevistas com 92 mil pessoas
em 30 mil domicílios. Mas os
dados passados ontem ainda
não correspondem aos da pesquisa completa, que deve ser
divulgada até novembro. Completa, a OD permite saber precisamente, por exemplo, as regiões onde houve aumento de
viagens, a renda dos usuários e
o tempo gasto por cada meio.
Ao justificar os resultados
preliminares, a Secretaria de
Estado dos Transportes Metropolitanos colocou em segundo
plano a integração entre os ônibus da capital e o metrô, desde
2004, que barateou os custos
do transporte público e atraiu a
população de menor renda.
O principal argumento da
pasta foi o aumento do poder
aquisitivo nos 39 municípios da
região metropolitana -a população economicamente ativa
passou de 41% para 46%.
Outra justificativa foi o aumento da oferta de transporte
coletivo -sobretudo à maior
rotatividade do Metrô e da
CPTM. Segundo a secretaria,
entre 1997 e 2007 o metrô ganhou 45% mais vagas, os trens
83%, e os ônibus, 20%.
Considerado essencial por
especialistas para explicar o aumento da demanda pelo transporte público, o Bilhete Único,
criado na gestão Marta Suplicy
(PT), não foi sequer mencionado na apresentação dos dados.
Questionados, técnicos do
governo consideraram menos
importante que a integração
CPTM/Metrô, em 2005, na
gestão José Serra (PSDB).
"Toda integração torna o
transporte mais barato, isso
atrai o usuário. O Bilhete Único
foi fundamental para esse
acréscimo. Sem a pesquisa
completa, é cedo para dizer que
se trata de uma tendência",
ponderou o consultor de transportes Flamínio Fichmann.
Portela afirmou que o aumento da demanda pelo transporte coletivo se deve à procura
das classes C, D e E, mas não
deu dados. "Não foi suficiente
para as pessoas comprarem um
carro, mas foi suficiente para
que quem andava a pé passasse
a usar o transporte público".
"A inversão é um dado positivo. Mas ainda não dá para dizer
que as pessoas estão trocando o
carro pelo transporte coletivo",
afirma Cláudio Senna Frederico, vice-presidente da ANTP
(Associação Nacional dos
Transportes Públicos).
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