São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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Auxiliar gasta 4 horas para percorrer trajeto de 25 km

JULIANA COISSI
EM SÃO PAULO

O final do dia do auxiliar de manutenção Edson Albuquerque, 44, poderia ser gasto chegando à praia em Paraty (RJ) ou a uma cidade do interior como Ribeirão Preto. Mas as quatro horas que enfrenta todo fim de jornada, ele percorre sem sair da capital paulista.
As cidades citadas ficam, respectivamente, a 277 km e 313 km de São Paulo. Já a casa de Albuquerque, na Vila Gilda, perto do Jardim Angela (zona sul), está a apenas 25 km do condomínio onde trabalha, perto da estação Imigrantes, também na zona sul.
A explicação: o auxiliar depende do transporte público. A ida ao trabalho, às 5h10, é mais "tranqüila": gasta duas horas.
Usa lotação e dois ônibus, além de dez minutos a pé.
Na volta, às 16h, começa o périplo. Apesar de colado à estação Imigrantes do metrô, prefere andar 40 minutos a pé até a estação Santa Cruz, para economizar R$ 1,35 a mais, se usasse a integração metrô e ônibus.
Depois, toma um ônibus até o terminal do Jardim Ângela. Em dias normais, levaria uma hora e 30 minutos, mas o trânsito espicha a viagem para até duas horas e 30 minutos.
Como perde o tempo do bilhete único (limite de duas horas), já de noite, tem que andar 1 km até sua casa. "Se tivesse metrô na estação Santa Cruz ligado à linha de Santo Amaro, podia parar na estação Capão Redondo que é perto de casa."
Quem vive na Grande São Paulo também sofre. A encarregada de limpeza Andréia Máximo de Sena Augusto, 25, demora duas horas percorrer o caminho entre sua casa, em Osasco, até o Hospital das Clínicas (região central de SP). Seu ônibus leva 50 minutos para chegar à rua Teodoro Sampaio. Depois, ela sobe toda a rua até o HC, em uma caminhada de até 40 minutos, já que os ônibus das cidades vizinhas não são integrados no bilhete único. "Se eu pegasse qualquer ônibus para subir a Teodoro, tinha que sair do meu bolso", disse ela, que ganha R$ 430 e outros R$ 140 para o transporte.
Andréia gostaria que ao menos o ônibus fosse integrado ao metrô na estação da própria cidade, porque poderia usar depois o metrô até o trabalho.


Colaborou JOÃO PEQUENO


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