ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

No balançar das cadeiras de Elvis Presley, Daniel Ferraz descobriu um estilo de vida. Em meados dos anos 80, levantou o topete, e dele nunca mais se desfez. Com os amigos de Santo André, na Grande São Paulo, formou uma das primeiras turmas de fãs de rockabilly da cidade, os Ases do Rock "n" Roll.
Tudo o que remetia aos primórdios do rock nos anos 50 e 60 lhe interessava. Era um aficionado por carros (fuscas) e motos antigas. Impressas na pele, levava consigo as tatuagens de uma pin-up e de um gato (referência ao ícone do rockabilly Stray Cats, banda formada em 1979 e ainda ativa).
Com a turma, Fozzy (apelido) divertia-se do jeito que dava. Se não havia dinheiro, o grupo pulava o muro para pegar o trem e ir ao centro de São Paulo passear. "Éramos adolescentes descobrindo o mundo", lembra um amigo.
Em 1994, conheceu a mulher, funcionária de uma lanchonete. Casaram-se em 2000, um mês antes de Fozzy ter a coluna atravessada por uma bala durante uma briga dentro de uma casa noturna. Ele estava a trabalho -era o segurança do local.
Ficou paraplégico. Ninguém foi responsabilizado pelo incidente, que ainda fez um morto e outro ferido. A cadeira de rodas foi comprada pelos amigos, que ajudavam também com remédios.
Morreu anteontem, aos 33 anos, em São Paulo, de infecção generalizada. Deixa de legado a turma de amigos, como lembrou um deles.

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