São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo não elevará proposta de aumento, diz secretário

Sidney Beraldo, secretário de Gestão Pública, diz que R$ 500 milhões é o limite

Para Beraldo, contraproposta feita pelos policiais civis é "irreal"; segundo secretário, "poucas vezes houve tanta abertura para o diálogo"

DA REPORTAGEM LOCAL

Após o fracasso da última tentativa de conciliação entre o governo e os policiais grevistas, o secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo, voltou a afirmar que as propostas das entidades sindicais são irrealistas. O secretário afirmou ainda que o governo não elevará a sua proposta, que é disponibilizar R$ 500 milhões para reestruturar as carreiras policiais. Leia abaixo trechos da entrevista dada pelo secretário ontem à Folha.

 

FOLHA - Qual a sua avaliação sobre a proposta de aumento de 15% para os policiais em 2008?
SIDNEY BERALDO
- Infelizmente o orçamento do Estado não permite isso. Em 2008, nós não temos recursos, porque o aumento que nós demos no ano passado já repercutiu neste ano. Depois de ter feito a avaliação de orçamento de 2009, apresentamos primeiro uma proposta de disponibilizar R$ 450 milhões para fazer a reestruturação de carreiras policiais. Hoje [ontem] depois de uma conversa com a equipe econômica e com o sacrifício de recursos de outras áreas, oferecemos mais R$ 50 milhões. A contraproposta deles continua irreal, porque esses aumentos de 2008, 2009 e 2010, em uma conta rápida, somam R$ 3 bilhões.

FOLHA - Os R$ 500 milhões serão usados na reestruturação de carreiras apenas para acabar com a chamada 5ª classe na polícia [faixa salarial mais baixa da Polícia Civil]?
BERALDO
- Não, a extinção da 5ª classe tem um custo aproximado de R$ 60 milhões. Nós temos mais R$ 440 milhões para fazer toda a reestruturação.
Agora, existe uma paridade com a Polícia Militar. Então, as correções salariais que forem feitas para a Polícia Civil têm que ser extensivas à PM e à Polícia Científica. A proposta demonstra a boa vontade do governo em valorizar essas carreiras da polícia para garantir um bom atendimento à população. Já fizemos isso em 2007, oneramos a folha de pagamento também em R$ 500 milhões.

FOLHA - Por que o governo não aceitou a proposta do TRT de aumento de R$ 840 milhões?
BERALDO
- Também não é possível, porque nós não temos recursos para isso. Nós chegamos ao limite: são R$ 500 milhões no orçamento do ano seguinte para a valorização das carreiras da segurança.

FOLHA - É possível negociar aumento para 2010, como os sindicatos propuseram?
BERALDO
- Neste momento não é possível, temos que fazer a avaliação do comportamento da economia. É uma decisão que exige muita responsabilidade. A antecipação traria certa insegurança na possibilidade de cumprir o que for prometido. Para 2009, já temos previsão orçamentária garantida.

FOLHA - O que acontecerá se os policiais retomarem a paralisação ou fizerem operação padrão?
BERALDO
- Fazemos um apelo para que não haja greve porque isso traz um grande prejuízo ao cidadão. Se não tiver acordo, não vamos encaminhar os projetos [de aumento de R$ 500 milhões] para a Assembléia Legislativa.

FOLHA - Como o senhor resumiria o resultado da audiência?
BERALDO
- Lamento a intransigência das entidades, porque poucas vezes houve tanta abertura para o diálogo.


Texto Anterior: Em família: Primo de secretário acompanha negociações
Próximo Texto: ABC Paulista: Justiça ordena interdição de cadeia superlotada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.