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Nascimentos não repõem mais a população
Média de filhos por mulher em São Paulo cai de 2,3 em 1997 para 1,9 em 2007, segundo estudo feito pela Fundação Seade
Só Butantã, Mooca e Perus superavam a taxa de 2,1 filhos por mulher em 2007, taxa que indica a manutenção da população sem migração
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A cada ano, menos crianças
são vistas nas ruas, parquinhos
e playgrounds de condomínios
de São Paulo, reflexo da tendência de queda na fecundidade que coloca regiões de maior
renda, como Vila Mariana e Pinheiros-em que o número de
filhos por mulher caiu a 1,4 e
1,3, respectivamente- em padrões do Japão e dos países
mais ricos da Europa.
Diante de um quadro de envelhecimento acelerado e até
queda da população, países europeus têm buscado, sem sucesso, implantar políticas de incentivo à maternidade.
A realidade que se vê nas ruas
foi colocada em números em
um estudo da Fundação Seade,
concluído em maio, que analisou registros de nascimentos
em todas as 31 subprefeituras
da cidade entre 1997 e 2007.
A pesquisa constatou que,
em 2007, apenas Butantã,
Mooca e Perus ainda superavam a taxa de 2,1 filhos por mulher -índice que indica a manutenção da população sem a
necessidade de migração. Dez
anos antes, 20 subprefeituras
batiam essa marca. A média de
São Paulo é de 1,9 filho, contra
2,3 em 1997.
A mudança na fecundidade
começou em países ricos e se
espalha no planeta, com exceção de regiões mais pobres da
África. Essa tendência de redução também é verificada em todo o Brasil, onde o índice de fecundidade é de 1,95 filho por
mulher, segundo mostrou o IBGE na última semana.
Contribuem para isso o aumento da escolaridade, maior
participação feminina no mercado de trabalho, uso de métodos anticoncepcionais, restrições financeiras e mudanças
nos valores e modelos culturais
em relação ao número de filhos.
A nova realidade demográfica também leva a mudanças em
políticas de saúde, transporte e
a uma reavaliação de um novo
perfil de demanda nas escolas,
de consumo e até mesmo habitação. Com menos crianças,
prédios com áreas de lazer voltada a elas acabam sendo menos atrativos do que antes.
Como a migração vem caindo, também graças a programas
como o Bolsa-Família, que ajuda a fixar a população pobre em
sua região de origem, já é possível dizer que São Paulo estará
menor nos próximos anos?
"Sim", responde a geógrafa
Amalia Ines de Lemos, professora do Departamento de Geografia da USP. "É possível fazer
muito pouco. Mesmo em Portugal, onde o governo ajuda
pais a criar os filhos, há escolas
fechando vagas."
O estudo do Seade específico
para Pinheiros também apontou como deve ser a nova configuração da mãe paulistana de
classe média-alta. São poucos
filhos antes dos 24 anos, um
número crescente nas idades
seguintes e os maiores valores
na faixa dos 30 aos 35 anos.
"É a mulher se ajustando ao
seu novo perfil. Busca-se primeiro a satisfação pessoal, o
emprego, a segurança econômica. Filhos vêm depois", diz.
Há um componente econômico que também sofrerá os
efeitos da baixa fecundidade: a
concentração de patrimônio,
por conta de menos herdeiros,
nas mãos de menos pessoas.
Periferia
Em São Paulo, bairros de periferia apresentaram as maiores mudanças na taxa de fecundidade. Socorro, na zona sul,
por exemplo, tinha índice de fecundidade de 2,6 em 1997. Em
2007, a taxa havia baixado para
1,8 filho por mulher. Também
tiveram mudanças expressivas
Ermelino Matarazzo e São Miguel Paulista, na zona leste.
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