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Sob polêmica, avaliação de professores cresce no país
Seis Estados já adotaram algum tipo de aferição do desempenho em aula
Para sindicatos, método é simplista, pois ignora salários e condições de trabalho; especialistas apontam problemas
ANGELA PINHO
DE BRASÍLIA
Polêmica entre especialistas da educação e sindicatos
de professores, é cada vez
mais comum no Brasil a avaliação de docentes da rede
pública, com recompensa financeira para aqueles que tenham melhor desempenho.
Inspiradas em experiências de países como Estados
Unidos e Chile, as avaliações
já são feitas na Bahia, Ceará,
Espírito Santo, Minas Gerais,
Pernambuco e São Paulo
-seis Estados administrados
por partidos diversos, como
o PSDB e o PT.
Apesar de serem cada vez
mais frequentes nas redes
públicas brasileiras, não há
ainda consenso sobre a eficácia dessas avaliações para
elevar a qualidade do ensino.
Sindicatos de professores
dizem que elas são simplistas, por se basearem apenas
em testes e não tocarem nas
questões dos salários e condições de trabalho precárias.
Já os gestores do ensino afirmam que elas são importantes fatores de estímulo.
De acordo com Cláudio
Ferraz, professor de economia da PUC-Rio, que estuda o
tema, como as experiências
ainda são recentes, não há
evidência de que no Brasil a
remuneração do professor
em razão do mérito -aferido
por meio de avaliações- tenha impacto sobre a aprendizagem dos estudantes.
ESTÍMULO
Mesmo assim, ele defende
o sistema pelo fato de representar um incentivo para que
avanços básicos aconteçam,
como o professor não faltar
muito às aulas e dar maior
importância à aprendizagem
de seus alunos, uma vez que
a nota desses estudantes poderá afetar o seu salário.
Já José Marcelino Rezende
Pinto, professor da USP, discorda. Para ele, o problema
das políticas públicas de premiação é que elas não olham
para os profissionais ruins.
"Se eu quero uma boa escola, preciso que todo o conjunto de docentes seja bom e
não apenas uma elite. A forma de conseguir isso é oferecer bons salários e aumentar
o nível de exigência para ser
professor", afirma.
Entre as secretarias estaduais de Educação que implantaram algum sistema de
avaliação e premiação de
professores, há diferenças
tanto nos critérios utilizados
quanto nos prêmios concedidos aos mais bem avaliados.
EXAME OFICIAL
O esquema mais frequente
é avaliação do professor por
meio das notas obtidas pelos
alunos em exames oficiais,
método que é adotado por
Ceará, Espírito Santo, Pernambuco e São Paulo.
Se a escola atinge uma nota alta ou se, mesmo tendo
nota baixa, apresenta uma
melhora de um ano para o
outro, premia-se o "esforço
coletivo" e todos os profissionais do colégio ganham um
bônus ou um prêmio.
Adotado em São Paulo e
na Bahia, outro tipo de avaliação utiliza a nota do professor em uma prova individual como requisito para que
ele possa progredir na carreira, em vez dos costumeiros
critérios de promoção, que
levam em conta fatores como
titulação e tempo de serviço.
RENDA
Há, ainda, variações de local para local. No Espírito
Santo, que fará a sua primeira avaliação neste ano, será
considerado também o nível
socioeconômico dos alunos.
O objetivo é que fazer com
que o professor que dá aula
na periferia não seja prejudicado, já que estudantes com
maior renda e melhor base
familiar têm mais chances de
se saírem melhor em exames
oficiais, segundo estudos.
Outras secretarias também
agregam fatores como a taxa
de aprovação dos alunos, a
assiduidade do professor e a
permanência dele por mais
tempo na mesma escola.
Em Minas, são combinados critérios -do desempenho dos estudantes até uma
avaliação dos professores feita pela comunidade escolar.
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