São Paulo, domingo, 06 de outubro de 2002

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Pais devem prestar atenção a sintomas

DA REPORTAGEM LOCAL

A irritabilidade, o choro, a procura por lugares escuros e a interrupção das brincadeiras podem indicar a dor de cabeça em crianças que ainda não falam.
Segundo a neuropediatra Alexandra Prufer, professora-adjunta de neuropediatria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em geral a cefaléia é observada a partir dos três anos, mas a dor pode ocorrer desde o primeiro ano de vida.
Ela afirma que muitos pais, ao notarem que o filho sente dor de cabeça, entram em pânico pensando se tratar de um tumor, de um aneurisma ou de meningite.
Mas, segundo Alexandra, a maioria das queixas é de cefaléia secundária, ou seja, a dor de cabeça que é associada a processos infecciosos -como viroses (gripes e resfriados), sinusite, otite, meningite, entre outros- e que tende a desaparecer rapidamente.
De acordo com os médicos, os casos de tumores cerebrais que causam dores de cabeça são raros. Para o neurologista carioca Abouch Valenty Krymchantowski, 44, diante das queixas dos filhos os pais devem levá-los a um especialista em cefaléia.
Ele afirma que muitos pais, às vezes aconselhados pelos pediatras, tendem a levar primeiro a criança a um oftalmologista, pensando que a dor esteja relacionada a um problema de visão.
"É uma grande bobagem. A maioria dos problemas de visão não provoca dor de cabeça", diz. O único distúrbio que causa cefaléia, diz ele, é o astigmatismo.
A medicina já descreveu 150 formas de dor de cabeça, muitas delas bem curiosas, como as dores deflagradas por orgasmo, por sorvete, por esforço físico e por nitritos e nitratos -batizada de dor de cabeça do cachorro-quente.
Outro erro bem frequente cometido por médicos não-especializados, segundo Krymchantowski, é submeter a criança a exames muitas vezes desnecessários, como o eletroencefalograma, e receitar anticonvulsivos.
No caso da enxaqueca, segundo o neurologista Marcos Arruda, é normal que a doença se manifeste na criança por meio de outros sintomas, como dores nos membros (as chamadas "dores do crescimento"), dores abdominais, enjôos, febre e vômitos.


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