São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2006

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Quadrilha rouba museu de arte sacra em Embu

Assaltantes armados levaram obra do século 17

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Museu de Arte Sacra dos Jesuítas, em Embu (Grande São Paulo), foi roubado anteontem por criminosos armados. Eles levaram coroas de santo, um sino e um porta hóstia, todos produzidos entre os séculos 17 e 20. Ninguém foi preso.
O mais valioso objeto roubado foi uma coroa de prata fabricada entre 1690 e 1700, de 11 centímetros, tombada pelo patrimônio nacional como artigo de relevância histórica. O valor da obra é incalculável, segundo o padre jesuíta Carlos Alberto Contieri, diretor do museu, função que acumula com a de dirigente do Pátio do Colégio. "Todo valor monetário fica muito aquém daquele que a obra historicamente vale." As coroas adornavam os santos.
Além da coroa de prata, os ladrões levaram outras cinco coroas, uma das quais de ouro, duas banhadas a ouro e as duas restantes de prata, do século 20. Foram roubados, ainda, um cibório (porta-hóstia), um porta-oléo e um sino com três badalos, todos feitos entre os séculos 19 e 20 -não há precisão.
Os objetos estavam na reserva técnica do museu, no Pátio do Colégio, e foram levados para Embu há cerca de um ano. Não havia seguro das peças.

Roubo
O roubo ocorreu às 9h50 de anteontem, quando três jovens armados, com aparência entre 17 e 19 anos, renderam os dois vigias e um funcionário. O grupo foi para a área do museu em que as obras ficavam. Retirou-as da prateleira e fugiu.
De acordo com o padre Contieri, um vigilante reconheceu dois dos três ladrões. Eles haviam visitado o museu na última sexta-feira. "O vigilante os reconheceu porque eles o cumprimentaram dando a mão -o que não costuma acontecer."
Ontem, dois homens com passagem na polícia de Embu foram reconhecidos como suspeitos por um funcionário do museu -eles serão chamados para comparecer à delegacia. Um retrato falado com as características do suspeitos também foi elaborado.
Contieri afirmou suspeitar que as peças tenham sido encomendadas por criminosos do mercado negro de arte.
Por meio do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), a Polícia Federal foi informada do roubo para evitar a transferência das obras para o exterior.
O Museu de Arte Sacra dos Jesuítas fica em um prédio de 1690, no centro de Embu.
O local abriga o maior acervo de imagens rocas -confeccionadas com fios de cabelo naturais e articulação nos braços e pernas- do país. São cerca de 40 imagens, à frente do museu de arte sacra de Mariana (MG). Elas eram usadas, nos séculos 17 e 18, para evangelização.


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