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IRACEMA FRANÇA LOPES CORRÊA (1919-2009)
Dedé, professora e pesquisadora do folclore de Ilhabela
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa casinha de pescadores à beira-mar, em Ilhabela
(SP), a professora Iracema
França Lopes Corrêa reuniu a
criançada e lá começou uma
escola. Quando a maré subia,
a sala de aula virava mar.
Dedé, como era conhecida
desde que a irmã mais nova
apelidou-a assim, foi bater na
porta do prefeito em busca de
ajuda para transferir os alunos para um local sem inundações. E conseguiu.
Entre suas conquistas para
a cidade, está a construção de
duas escolas (uma é semiprofissionalizante) e de uma biblioteca, que ela formou incentivando a doação de livros.
Seu último sonho era criar
um museu do folclore regional no município. Na quarta-feira, ela morreu de falência
múltipla de órgãos, aos 90,
sem conseguir realizá-lo.
Formada em educação física pela terceira turma da USP,
decidiu estudar folclore nos
anos 70. A pé ou de canoa,
percorreu o litoral pesquisando manifestações culturais
como congada, quebra-chiquinha, ciranda, folia de reis,
vilão, caiapó e passa chapéu.
Em 1982, lançou o livro "A
Congada de Ilhabela na Festa
de São Benedito", para resgatar e valorizar essas tradições.
Dedé foi a primeira mulher
a se tornar secretária de Cultura de Ilhabela. O filho Luiz
Octávio diz que ela era muito
positiva e só procurava ver as
qualidades nas pessoas. Com
isso, identificava facilmente o
dom de alguns, encaminhando-os profissionalmente.
Teve dois filhos, seis netos e
dez bisnetos. A missa de sétimo dia será às 19h de hoje, na
igreja da Cruz Torta, em SP.
coluna.obituario@uol.com.br
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