São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2010

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Monotrilho quer desapropriar até prédio na planta

Proposta do Metrô para linha entre Congonhas e Morumbi inclui edifício com as unidades já totalmente reservadas

Construtora diz que irá recorrer da decisão; também estão na mira do projeto lojas, postos e casas de alto padrão

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
CRISTINA MORENO DE CASTRO
RAPHAEL VELEDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A implantação do monotrilho da linha 17-ouro do metrô, que ligará o aeroporto de Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara, planeja desapropriar ao menos 50 casas de alto padrão, postos de gasolina, cafeteria e até áreas de dois empreendimentos imobiliários ainda em fase de lançamento -um prédio já totalmente reservado.
Um deles é o prédio residencial Andalus, da Cyrela, na Vila Sônia, próximo ao estádio do Morumbi, com lançamento previsto para agosto de 2012. A Cyrela não quis comentar por não ter sido notificada formalmente.
O outro projeto inclui dois prédios -um residencial e um comercial- da incorporadora Brookfield no Panamby, uma das áreas mais valorizadas do Morumbi.
O prédio comercial The Office, com 108 salas de 37 a 600 m2, já foi totalmente reservado -cada m2 custa R$ 7.000-, mas, segundo a construtora, a pré-venda não inclui pagamento. O residencial Insight terá 144 apartamentos de 67 a 95 m2, mas nenhuma reserva foi feita.
"Não fomos notificados ainda, então entendemos que é só um estudo, que ainda será melhor debatido", afirma José de Albuquerque, diretor de incorporação da Brookfield em São Paulo.
A empresa irá recorrer. "Vamos informar que já existe projeto aprovado lá. A gente não concorda. Como a prefeitura aprova o projeto e depois desapropria? Se não for possível alterar o traçado, vamos para as vias judiciais."
As informações sobre os imóveis que poderão ser desapropriados foram detalhadas no EIA-Rima (estudo de impacto ambiental), que lista todos eles com fotos .
Mais da metade está nas ruas Senador Otávio Mangabeira, Professor Alfredo Ashcar e João da Cruz Melão e avenida Jules Rimet.
O Metrô espera gastar R$ 185 milhões para desapropriar até 132 mil m2 -18 campos de futebol-, o que dá, em média, R$ 1.400 por m2.
Segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), só o terreno nessas regiões pode chegar a R$ 1.500 o metro quadrado.
Também serão afetados vários comércios na av. Jorge João Saad, como três postos de combustíveis, lojas da Subway e Starbucks Coffee, um bufê infantil e outros.

CRÍTICAS
Moradores e comerciantes criticam o projeto e a falta de informação. "A desapropriação é inesperada e desconfortável. Pagarão bem? Moro aqui há mais de 30 anos e não tinha ideia de sair", diz um morador de 63 anos da rua Alfredo Aschcar, que tem 13 casas de alto padrão na lista.
"Estamos aqui há três anos. Há muita dúvida sobre essa história. O que chega é boato, é conversa de morador, não temos informações oficiais", afirma Camila Ferreira, gerente do Starbucks.
"A desapropriação em si não é algo que causa tanto mal, mas a construção desse metrô aéreo é uma enorme absurdo. Vai ficar horrível", afirma o dono do posto, Sérgio Faga, na avenida João Jorge Saad desde 1998.

FOLHA.com
Veja o EIA-Rima, com as fotos dos imóveis
folha.com.br/102785


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