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Monotrilho quer desapropriar até prédio na planta
Proposta do Metrô para linha entre Congonhas e Morumbi inclui edifício com as unidades já totalmente reservadas
Construtora diz que irá recorrer da decisão; também estão na mira do projeto lojas, postos e casas de alto padrão
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
CRISTINA MORENO DE CASTRO
RAPHAEL VELEDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A implantação do monotrilho da linha 17-ouro do metrô, que ligará o aeroporto de
Congonhas ao Morumbi e ao
Jabaquara, planeja desapropriar ao menos 50 casas de
alto padrão, postos de gasolina, cafeteria e até áreas de
dois empreendimentos imobiliários ainda em fase de
lançamento -um prédio já
totalmente reservado.
Um deles é o prédio residencial Andalus, da Cyrela,
na Vila Sônia, próximo ao estádio do Morumbi, com lançamento previsto para agosto de 2012. A Cyrela não quis
comentar por não ter sido notificada formalmente.
O outro projeto inclui dois
prédios -um residencial e
um comercial- da incorporadora Brookfield no Panamby, uma das áreas mais
valorizadas do Morumbi.
O prédio comercial The Office, com 108 salas de 37 a
600 m2, já foi totalmente reservado -cada m2 custa
R$ 7.000-, mas, segundo a
construtora, a pré-venda não
inclui pagamento. O residencial Insight terá 144 apartamentos de 67 a 95 m2, mas nenhuma reserva foi feita.
"Não fomos notificados
ainda, então entendemos
que é só um estudo, que ainda será melhor debatido",
afirma José de Albuquerque,
diretor de incorporação da
Brookfield em São Paulo.
A empresa irá recorrer.
"Vamos informar que já existe projeto aprovado lá. A gente não concorda. Como a prefeitura aprova o projeto e depois desapropria? Se não for
possível alterar o traçado, vamos para as vias judiciais."
As informações sobre os
imóveis que poderão ser desapropriados foram detalhadas no EIA-Rima (estudo de
impacto ambiental), que lista
todos eles com fotos .
Mais da metade está nas
ruas Senador Otávio Mangabeira, Professor Alfredo Ashcar e João da Cruz Melão e
avenida Jules Rimet.
O Metrô espera gastar R$
185 milhões para desapropriar até 132 mil m2 -18 campos de futebol-, o que dá,
em média, R$ 1.400 por m2.
Segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos
de Patrimônio), só o terreno
nessas regiões pode chegar a
R$ 1.500 o metro quadrado.
Também serão afetados
vários comércios na av. Jorge
João Saad, como três postos
de combustíveis, lojas da
Subway e Starbucks Coffee,
um bufê infantil e outros.
CRÍTICAS
Moradores e comerciantes
criticam o projeto e a falta de
informação. "A desapropriação é inesperada e desconfortável. Pagarão bem? Moro
aqui há mais de 30 anos e não
tinha ideia de sair", diz um
morador de 63 anos da rua
Alfredo Aschcar, que tem 13
casas de alto padrão na lista.
"Estamos aqui há três
anos. Há muita dúvida sobre
essa história. O que chega é
boato, é conversa de morador, não temos informações
oficiais", afirma Camila Ferreira, gerente do Starbucks.
"A desapropriação em si
não é algo que causa tanto
mal, mas a construção desse
metrô aéreo é uma enorme
absurdo. Vai ficar horrível",
afirma o dono do posto, Sérgio Faga, na avenida João
Jorge Saad desde 1998.
FOLHA.com
Veja o EIA-Rima, com as
fotos dos imóveis
folha.com.br/102785
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