São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2011

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Mortes no Peru mobilizam grupo brasileiro

Caso de geólogo e engenheiro que faziam estudo para construção de usina, ocorrido em julho, ainda não foi esclarecido

Corpos foram achados sem sinais de violência; embaixador do Brasil destaca diplomata para acompanhar o caso

SYLVIA COLOMBO

DE BUENOS AIRES

A misteriosa morte de dois brasileiros numa estrada de terra próxima à cidade de Pion, no norte do Peru (637 km de Lima), tem mobilizado colegas de profissão e as famílias, que manifestam insatisfação com relação ao modo como a polícia peruana encaminha as investigações.
A tragédia ocorreu em 25 de julho passado. O geólogo paulista Mário Guedes, 57, e o engenheiro mineiro Mário Bittencourt, 61, estavam no local a serviço da empresa Leme Engenharia, de Belo Horizonte.
O objetivo era realizar um levantamento topográfico da área para a construção de uma hidrelétrica.
Engenheiros peruanos afirmaram em depoimento que, na caminhada, Bittencourt sentiu dores e parou.
O grupo, segundo os depoimentos, seguiu adiante até que Guedes resolveu voltar para ajudar o colega. Ao chegar lá, já não havia mais ninguém. Logo, o resto do grupo constatou o desaparecimento também de Guedes.
No dia 27, ambos foram encontrados mortos. Segundo a autópsia, os corpos não tinham sinais de violência. A causa das mortes foi apresentada como edema pulmonar. O local não era nem tão alto nem tão frio, descartando a possibilidade de hipotermia.
O embaixador do Brasil no Peru, Carlos Alberto Lazary Teixeira, diz que enviou um diplomata para acompanhar a autópsia e que tem feito inúmeros esforços para exigir uma investigação conclusiva.
A imprensa local levantou a hipótese de ambos terem sido envenenados por moradores contrários à instalação da usina. Nada foi roubado.
Guedes e Bittencourt eram profissionais experientes, acostumados a esse tipo de trabalho. "É difícil que tenham cometido alguma imprudência ou simplesmente se perdido", diz Fernando Kertzman, presidente da ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental), que encabeça os protestos pela resolução do caso.
"Fiquei sabendo que meu marido morreu ajoelhado, está claro que algo violento aconteceu", diz Liliana Guedes, uma das viúvas.
A empresa Leme Engenharia contratou advogados para acompanhar o caso e disse que aguarda o final das investigações da polícia peruana.


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