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Kassab corta vagas no ensino infantil; há 28 mil na espera
São 17 mil matrículas a menos do que as registradas há dois anos na pré-escola
Administração decidiu
privilegiar abertura de
vagas em creches; na
Brasilândia, garoto espera
por vaga há três anos
Marlene Bergamo/Folha Imagem
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Ingrid, 6, não conseguiu uma vaga em escola da Brasilândia
FÁBIO TAKAHASHI
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
ANNA CAROLINA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Wesley, 5, e Ingrid, 6, moram
na mesma rua na Brasilândia,
(zona norte de SP). Também
têm outra coisa em comum: nenhum deles encontrou vaga nas
escolas públicas da região.
"Desde os três anos Wesley
está na lista de espera", diz a
dona de casa Karina Gonçalves
Ventura, 30, mãe do menino.
Karina tenta uma vaga para o
filho em creches e pré-escolas
desde que se mudou para o
bairro. Ano passado, chorou na
escola pedindo que o matriculassem porque tinha conseguido emprego. Mas não havia vaga, e ela perdeu o trabalho.
Valéria Sebastião dos Santos,
23, mãe de Ingrid, conta que a
escola nem quis pegar o nome
da filha para colocá-la na fila.
A situação para Wesley e Ingrid ficou mais difícil nos últimos meses, após a prefeitura
decidir priorizar o atendimento de crianças mais novas em
unidades mantidas em parceria
com instituições privadas
-elas recebem verbas públicas
para prover as vagas.
Desde 2007, a gestão Gilberto Kassab (DEM) exige que as
entidades transfiram suas vagas da pré-escola (4 a 6 anos)
para as creches (0 a 3), onde o
deficit e a pressão por novas vagas são maiores. A mudança de
atendimento ocorre na renovação do acordo, a cada dois anos.
Com isso, hoje há 17 mil matrículas a menos do que dois
anos atrás na pré-escola (queda
de 5%), segundo dados do próprio governo. E existem 28,5
mil crianças na fila de espera.
Faltam vagas em 92 dos 96 distritos da cidade.
O secretário de Educação,
Alexandre Schneider, diz que o
impacto da mudança "é residual", pois, paulatinamente, os
alunos atendidos pelos convênios têm sido transferidos para
a rede da própria prefeitura.
O problema, diz, não é a
transferência de vagas da pré-escola para as creches. Ele acredita que a redução das matrículas ocorreu porque em algumas
regiões há mais vagas que
crianças. Enquanto em outras,
há crianças, mas faltam vagas.
No caso da Ingrid, a prefeitura diz que a menina está inscrita e aguarda uma vaga.
Entidades que fazem convênios com a prefeitura e as que
acompanham as políticas educacionais afirmam, porém, que
a mudança nos acordos causou
o encolhimento do pré.
"É um absurdo aumentar as
vagas nas creches às custas da
redução nas pré-escolas", disse
Salomão Ximenes, coordenador da ONG Ação Educativa. As
entidades que firmam convênios com a prefeitura reclamam dos custos elevados para
alterar vagas de pré-escola para
creches. Precisam, por exemplo, mudar os móveis. "A prefeitura só aumenta a verba de
custeio, não ajuda na adaptação", diz Ana Maria Barbosa,
coordenadora da Cooperapic
(entidade que representa cerca
de 70 entidades conveniadas).
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