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VIOLÊNCIA
Dois estudantes de medicina e um médico teriam derramado álcool e colocado fogo em estudante, em setembro
PUC expulsa acusados de pôr fogo em aluno
MARCELO TEIXEIRA
da Agência Folha
O reitor da PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica), Antonio
Carlos Ronca, determinou ontem
a expulsão dos alunos da Faculdade de Medicina de Sorocaba Rodrigo Borstein Martinelli, 24, e
Marcelo Guimarães Tiezzi, 23.
Uma comissão processante instituída pela universidade considerou os estudantes culpados por
"agressões físicas e morais" cometidas contra o colega Rodrigo
Cañas Peccini, 20.
Martinelli e Tiezzi são acusados
de terem derramado álcool e ateado fogo em Peccini, em setembro
último, durante uma festa universitária chamada de "Maratoma".
Os alunos que participam da
Maratoma têm de fazer um percurso por várias repúblicas estudantis e beber vários tipos de bebidas alcoólicas em cada uma. Vence o que percorrer o trajeto maior,
mesmo que embriagado.
O médico Leandro Oliveira Pinho, 27, que estava com os estudantes no momento do incidente,
também é acusado pelo crime,
ocorrido em uma república em
Sorocaba (98 km de São Paulo).
Peccini sofreu queimaduras de
segundo e terceiro graus em aproximadamente 25% do corpo e teve
de fazer cirurgias plásticas.
Sobre a decisão da PUC, a mãe
de Peccini, Márcia de Fátima Favorito Peccini, disse que a família
"sente um pouco de alívio, porque percebe que justiça começou a
ser feita". Ela afirmou que o fato
de o filho continuar estudando
com os possíveis agressores às vezes era constrangedor.
"Um dia o Rodrigo foi fazer um
curativo no hospital do campus e
quase foi atendido pelo Boi (apelido de Martinelli)", afirmou.
Procurada pela Agência Folha, a
família de Martinelli informou
que não vai comentar a decisão da
PUC no momento. A mãe de Tiezzi, Lígia Tiezzi, afirmou que a condução do caso pela universidade
não foi justa e que a decisão de expulsar os dois estudantes só foi tomada devido a "pressões muito
fortes feitas por várias pessoas".
"Os meninos não são bandidos.
O que houve foi um acidente. Todos neste caso são vítimas. Vítimas do álcool", disse. Ela afirmou
que a família vai analisar a possibilidade de recorrer da decisão.
No inquérito policial enviado ao
Ministério Público, o delegado
Celso Araújo, do 3º DP de Sorocaba, indiciou o médico Leandro
Oliveira Pinho e os dois estudantes
por "tentativa de homicídio em
dolo eventual" (quando não há
intenção de matar, mas o resultado da ação é previsível).
Os três acusados, em depoimentos à polícia, afirmaram que foi
um acidente. Pinho disse que pensou ser água o líquido esparramado em Peccini. O promotor Wanderley de Campos, que recebeu o
caso, devolveu o inquérito à polícia, pedindo novas investigações.
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