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NARCOTRÁFICO
Deputados, desembargadores, prefeitos, policiais e empresários são acusados de envolvimento com crime organizado
Relatório da CPI indicia 800 pessoas
VALÉRIA DE OLIVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI do Narcotráfico aprovou
ontem relatório final indiciando
mais de 800 pessoas, entre elas
dois deputados federais, 14 deputados estaduais e seis desembargadores. Também entraram na
lista prefeitos, delegados, policiais
civis, militares e empresários.
Hoje, os deputados vão encaminhar o documento para a Mesa da
Câmara e depois para o governo
federal, Ministério Público e outras autoridades.
Durante a plenária da comissão,
foi necessário tirar novas cópias
do documento para corrigir erros,
inclusive nomes de deputados incluídos por engano.
Os indiciamentos são fundamentados na acusação de prática
de vários crimes, entre eles envolvimento com o crime organizado
e narcotráfico, homicídio, corrupção, sonegação fiscal, tráfico
internacional de drogas, roubo de
carga e lavagem de dinheiro.
Uma das surpresas foi a inclusão do general paraguaio Lino
Oviedo. Ele é acusado de tráfico
internacional de drogas e contrabando de armas, além de crime de
lavagem de dinheiro e evasão de
divisas. Alguns bancos e empresas de telefonia também estão no
relatório por desobediência às ordens da CPI para que fossem enviados documentos.
O médico-legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),
foi indiciado sob a acusação de
emitir laudo falso e prestar serviço ao crime organizado.
O laudo feito por ele sobre a
morte de PC Farias, em 96, tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor, foi contestado por outros legistas. No
documento apresentado havia diferença na altura de Susana Marcolino, namorada de PC, conforme foi mostrado pela Folha.
Em São Paulo, os indiciamentos
mais importantes foram os de integrantes da quadrilha de William
Sozza. Além do empresário, que
está foragido, foram indiciados
dois irmãos dele, Eduardo e Marco Aurélio, o seu suposto testa-de-ferro, Geraldo da Silva Burdini
Júnior, além do advogado Arthur
Eugênio Mathias e vários policiais. Todos são acusados de envolvimento com o crime organizado, narcotráfico, roubo de cargas e lavagem de dinheiro. Alguns
responderão também por crime
de sonegação fiscal.
No Acre, um dos indiciados é o
deputado José Aleksandro (PSL).
Os crimes atribuídos a ele são envolvimento com crime organizado, sonegação fiscal e falso testemunho prestado à CPI. O ex-governador Orleir Cameli também
está na lista de indiciados do relatório. Pesa contra ele acusação de
envolvimento com narcotráfico e
crime organizado.
Raceme Cameli, primo do governador, também foi indiciado.
Além dele, consta da lista a piloto
de avião do governador, Sâmia
Haddock Lobo, acusada de crime
de sonegação fiscal, além dos delitos imputados a Cameli.
Em Alagoas, um dos indiciados
é o deputado Augusto Farias
(PFL), irmão de Paulo César Farias. Ele foi acusado de envolvimento com crime organizado e
lavagem de dinheiro. Farias disse
no plenário da Câmara ontem
que é inocente e foi indiciado por
perseguição política.
Também constam da lista de indiciados os deputados estaduais
João Beltrão Siqueira, José Francisco Cerqueira Tenório, Antonio
Ribeiro Albuquerque, Júnior
Leão, Cícero Ferro, Celso Luiz e a
deputada Fátima Cordeiro. Os
parlamentares estaduais de Alagoas foram acusados de crimes de
sonegação fiscal, enriquecimento
ilícito e crime organizado. O ex-governador alagoano Manoel Gomes de Barros foi indiciado por
prevaricação.
No Espírito Santo, a CPI indiciou o presidente da Assembléia
Legislativa, José Carlos Gratz, sob
a acusação de envolvimento com
o crime organizado e o deputado
estadual Gilson Santos Lopes Filho acusado de corrupção, homicídio e participação no crime organizado. O desembargador Geraldo Correa Lima também foi indiciado. Contra ele, a CPI encontrou indícios de envolvimento
com o crime organizado.
Já no Amapá, foram indiciados
três deputados estaduais. O ex-presidente da Assembléia Fran
Júnior, que havia sido afastado
por suspeita de envolvimento
com o crime organizado e o narcotráfico, responderá por esses
delitos e também por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito; o atual presidente
da Assembléia, Jorge Salomão e o
deputado Paulo José, ambos por
envolvimento com narcotráfico e
crime organizado.
No Paraná, foram indiciadas 117
pessoas. No Maranhão, 23, entre
as quais estão os deputados estaduais cassados José Gerardo e
Francisco Caíca -ambos por
acusação de homicídio. Entre os
indiciados no Rio está a deputada
estadual Núbia Cozzolin.
Os indiciados negaram as acusações para integrantes da CPI.
Depois da lista dos indiciados
por Estados, o relatório final enumera os envolvidos no caso do
tráfico de cocaína nos aviões da
FAB (Força Aérea Brasileira), que
responderão por envolvimento
com o narcotráfico e o crime organizado. Em seguida, são listados os participantes das conexões
de tráfico de drogas da África , do
Suriname e do Paraguai.
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