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JUSTIÇA
Júri acatou tese da defesa de que faltavam provas; acusação vai recorrer
Acusada de liderar seita que castrava meninos é absolvida
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
A dona-de-casa Valentina de
Andrade, 72, foi absolvida ontem,
em Belém, Pará, da acusação de liderar uma seita para castração e
assassinato de meninos em Altamira, sudoeste do Estado.
O Tribunal do Júri decidiu, por
seis votos a um, acatar a tese da
defesa de que havia insuficiência
de provas contra ela.
A decisão saiu no início da noite
de ontem, depois de 17 dias de julgamento -o mais longo da história do Pará. Após a divulgação da
sentença, cerca de 150 manifestantes, entre eles militantes de organizações de direitos humanos,
protestaram em frente ao Tribunal de Justiça contra a absolvição.
Andrade foi a quinta e última
pessoa acusada de participar dos
crimes a ser julgada. Os outros
quatro foram condenados: o ex-policial militar Carlos Alberto dos
Santos, a 35 anos de prisão; o comerciante Amailton Madeira Gomes, a 57; os médicos Anísio Souza, a 77, e Césio Brandão, a 56.
Eles se dizem inocentes e já declararam que irão recorrer.
Os crimes ocorreram entre 1989
e 1993 e incluem a castração de
nove meninos e o assassinato de
seis deles. As vítimas tinham entre
oito e 14 anos. Só cinco desses casos -três assassinatos e duas tentativas- foram a julgamento.
A acusação anunciou que irá recorrer. Para a acusação, Andrade
é ligada à suposta seita LUS (Lineamento Universal Superior),
com sede na Argentina, e teria sido vista em rituais de magia negra. O temor agora é que ela fuja
antes de o recurso ser analisado.
Em setembro, Andrade teve sua
prisão preventiva pedida pelo juiz
Ronaldo Valle, que presidiu o julgamento, porque teria tentado fugir para a Argentina.
"A decisão causou uma perplexidade muito grande, mas os outros casos de emasculação ainda
devem ser apurados", disse Maria
Elaine Menezes de Farias, subprocuradora-geral da República, que
acompanhou o julgamento a pedido do ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça).
Segundo o advogado de defesa,
Claudio Dalledone Junior, "o processo foi todo marcado por imperfeições técnicas".
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