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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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JUSTIÇA

Júri acatou tese da defesa de que faltavam provas; acusação vai recorrer

Acusada de liderar seita que castrava meninos é absolvida

MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA

A dona-de-casa Valentina de Andrade, 72, foi absolvida ontem, em Belém, Pará, da acusação de liderar uma seita para castração e assassinato de meninos em Altamira, sudoeste do Estado.
O Tribunal do Júri decidiu, por seis votos a um, acatar a tese da defesa de que havia insuficiência de provas contra ela.
A decisão saiu no início da noite de ontem, depois de 17 dias de julgamento -o mais longo da história do Pará. Após a divulgação da sentença, cerca de 150 manifestantes, entre eles militantes de organizações de direitos humanos, protestaram em frente ao Tribunal de Justiça contra a absolvição.
Andrade foi a quinta e última pessoa acusada de participar dos crimes a ser julgada. Os outros quatro foram condenados: o ex-policial militar Carlos Alberto dos Santos, a 35 anos de prisão; o comerciante Amailton Madeira Gomes, a 57; os médicos Anísio Souza, a 77, e Césio Brandão, a 56. Eles se dizem inocentes e já declararam que irão recorrer.
Os crimes ocorreram entre 1989 e 1993 e incluem a castração de nove meninos e o assassinato de seis deles. As vítimas tinham entre oito e 14 anos. Só cinco desses casos -três assassinatos e duas tentativas- foram a julgamento.
A acusação anunciou que irá recorrer. Para a acusação, Andrade é ligada à suposta seita LUS (Lineamento Universal Superior), com sede na Argentina, e teria sido vista em rituais de magia negra. O temor agora é que ela fuja antes de o recurso ser analisado. Em setembro, Andrade teve sua prisão preventiva pedida pelo juiz Ronaldo Valle, que presidiu o julgamento, porque teria tentado fugir para a Argentina.
"A decisão causou uma perplexidade muito grande, mas os outros casos de emasculação ainda devem ser apurados", disse Maria Elaine Menezes de Farias, subprocuradora-geral da República, que acompanhou o julgamento a pedido do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
Segundo o advogado de defesa, Claudio Dalledone Junior, "o processo foi todo marcado por imperfeições técnicas".


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