DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público investiga denúncia de que delegados da Polícia Civil de São Paulo, por questões políticas e até pessoais, estariam sem função na corporação e recebendo salário sem trabalhar.
Em reportagem exibida ontem pelo SPTV, da TV Globo, funcionários de departamentos da Polícia Civil e da associação de delegados informaram a existência da "Nasa", gíria policial que faz referência ao programa espacial dos Estados Unidos e que é usada para designar essa situação.
A Justiça já recebeu uma lista com 23 nomes de delegados que estariam nessa situação. Todos são de classe especial, que é o topo da carreira policial, com salários que variam de R$ 5.000 a R$ 7.000.
Os postos que deveriam ser destinados a esses policiais, como direção de departamentos ou o comando de delegacias seccionais, são ocupados por delegados de classe inferior, que recebem um salário complementar.
A denúncia foi feita por policiais civis e recebida pela juíza-corregedora do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária), Ivana David Boriero. Foi repassada à Promotoria da Cidadania para apuração de eventual improbidade administrativa.
Alguns delegados, segundo a reportagem, nem aparecem nos setores onde estão lotados. Um dos delegados entrevistados marcou um encontro em uma igreja durante a semana para falar com os repórteres. Ele disse que está há oito anos na "Nasa" e já não se incomoda com a situação.
O promotor Luiz Fernando Pinto Júnior informou que encaminhou ofício à Secretaria da Segurança pedindo informações, mas não obteve resposta até agora.
Em nota oficial emitida após a exibição da reportagem, a secretaria negou a existência da Nasa. "Não há, na Polícia Civil, delegado sem função. O que pode haver é descontentamento em relação às atribuições que lhe são conferidas", diz a nota.


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