São Paulo, terça-feira, 06 de dezembro de 2005

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ACIDENTE

Casa desabou em túnel do Metrô

Consórcio aponta solo instável em Pinheiros

DA REPORTAGEM LOCAL

O consórcio Via Amarela, que constrói a linha 4 do Metrô (Luz-Vila Sônia), afirmou ontem que o desabamento ocorrido no último sábado, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), está ligado a uma falha geológica no terreno, que torna o solo da região instável. No incidente, uma casa desabou. No total, foram danificados cinco imóveis e um estacionamento.
Mesmo sem a conclusão do laudo, a composição do terreno e a chuva foram apontados ontem pelo Via Amarela como as principais causas do acidente.
O Metrô e policiais também estudam o motivo do desabamento. A Polícia Civil investiga a eventual responsabilidade do consórcio, que reúne as empreiteiras CBPO, OAS, Queiroz Galvão e Alstom.
Enquanto os estudos são feitos, moradores se reorganizam. O comerciante Celso Ito, 46, voltou à rua Amaro Cavalheiro, onde vivia na casa que afundou com a mulher e as filhas, de 11 e 9 anos, para retirar móveis e objetos. Ele também tinha ali uma lavanderia. "Só depois vamos ver o que pôde ser aproveitado." Por enquanto, seus pertences ficarão em um galpão. "Ainda nem avaliei o prejuízo."
Já a obra ainda não foi retomada. Ontem o Metrô começou a injetar argamassa no buraco da escavação. Quando o material secar, as escavações recomeçarão. Segundo o Via Amarela, o acidente não adiará o cronograma.
O consórcio disse ter seguro e se comprometeu a ressarcir os danos causados nos imóveis.

Falha conhecida
Segundo o Via Amarela, a falha geológica havia sido detectada antes do acidente e a escavação considerava esse fato, mas a água da chuva sobrecarregou a obra "quando o concreto ainda não estava duro". O consórcio nega negligência na construção, uma das principais do governo Geraldo Alckmin (PSDB), cotado para disputar a Presidência em 2006.
"O trabalho em rocha fraturada pode levar a uma infiltração além do que é especificado no projeto, mas isso são hipóteses", disse o gerente de construção da linha 4, Marco Antonio Buon Compagno.
Inicialmente, a construção deveria terminar em 2007, mas teve o prazo adiado para o fim de 2008.
Também mudou a técnica de construção. A previsão era usar duas máquinas que fazem escavação mecanizada, na qual são feitos anéis para escorar o túnel. Como só uma máquina foi adquirida, acabou sendo adotada outra forma de intervenção, pela qual a escavação usa concreto projetado como suporte e que permite diversas frentes de perfuração.
Indagado se as máquinas ofereceriam mais segurança, Compagno disse ser uma questão "complexa". "Conhecemos obras com problemas com as duas técnicas." Ele negou ligação com o atraso. "Não temos prazo político."


Colaborou o "Agora"

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