São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Doações bancam reforma da Casa do Estudante, em SP

Imóvel de 1950 que abriga alunos de medicina da USP foi totalmente reformulado

Casa ganhou computadores com internet, TVs, banheiros privativos, lavanderia, sala de estudos e biblioteca, ao custo de R$ 2 milhões

DA REPORTAGEM LOCAL

No ano passado, um grupo de estudantes de medicina da USP procurou o urologista Miguel Srougi com um pedido inusitado: queria ajuda para comprar duas latas de tinta para a pintura da quase sexagenária Casa do Estudante, que abriga alunos sem condições de custear moradia durante o curso.
Um ano depois, o presente veio bem mais "gordo". Com doações de empresários e professores da faculdade, a antiga casa, de 1950, foi totalmente reconstruída e mobiliada, ao custo de R$ 2 milhões. Será inaugurada amanhã, às 11h.
O imóvel, localizado na rua Teodoro Sampaio, zona oeste de São Paulo, tem 26 apartamentos com capacidade para 52 estudantes. Cada quarto foi equipado com computador e internet. Os corredores também ficaram com dois computadores e armários do tipo "locker"-ao estilo das universidades americanas.
Na reforma, a casa ganhou cinco novos apartamentos, banheiros privativos, além de uma nova cozinha, copa, lavanderia, biblioteca, sala de estudos, dois centros de convivência e área externa de lazer. A sala de estar tem agora novas TVs e home theater.
A arquiteta Ana Claudia Bella Hanftwurzel Mraz, autora do projeto de reforma, diz que a idéia foi "tirar os alunos de dentro dos quartos e fazer com que eles passassem a usar a casa como um espaço de convivência".
Segundo o professor titular de urologia da USP, Miguel Srougi, que coordenou a captação de recursos, ao menos cem alunos da medicina -dos 1.100 que freqüentam o curso- vêm de famílias humildes e precisam da moradia estudantil. "Na antiga casa, eles viviam em condições muito precárias. O banheiro das meninas, por exemplo, ficava fora da casa."
Para Srougi, a casa tem agora todas as condições de oferecer uma "vida digna" aos estudantes. "Não tem como ensinar humanismo para um pessoal que morava como indigente. Agora eles podem viver com mais dignidade", afirmou o médico.
O estudante Filipe Bini, que vive há três anos na casa estudantil, diz que, no início, estranhou quando Srougi relacionou dignidade à moradia. "Sempre liguei dignidade à ética, achei a comparação estranha. Mas ele tinha razão: vivíamos em condições precárias, a casa parecia um cortiço, era muito feia", conta Bini, natural de São José do Rio Pardo (SP).
De acordo com o estudante, havia 15 anos que o imóvel não era reformado. "O banheiro era coletivo, juntava água no box, havia infiltrações no telhado."
Ele relata que no primeiro encontro com Srougi, no ano passado, o grupo de estudantes havia pedido alguns livros. "Ganhamos muito mais: uma biblioteca com 40 exemplares de obras caras, que muitos estudantes não tinham condições de comprar. É quase o curso inteiro de medicina." (CLÁUDIA COLLUCCI)

Integram a relação dos beneméritos da Casa do Estudante: Antônio Queiroz Galvão, Benedito Abbud, Carlos Ermírio de Moraes, Carlos Pires de Oliveira Dias, Fernando Arruda Botelho, Luiz Roberto Ortiz Nascimento, Fabio Ermírio de Moraes, Gian Enrico Mantegazza, José de Jesus Álvares Fonseca, Lázaro Brandão, Antônio Bornia, Mário Arthur Adler, Maria Regina Ermírio de Moraes, Antônio Ermírio de Moraes, Moise Safra, Ogari de Castro Pacheco, Pelerson Soares Penido, Roberto Egydio Setúbal, Antonio Jacinto Matias, Sérgio de Moraes Abreu, sheik Wahib Binzagr (Arábia Saudita), Miguel Srougi, Marcos Boulos e Flavio Fava de Moraes.


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