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Doações bancam reforma da Casa do Estudante, em SP
Imóvel de 1950 que abriga alunos de medicina da USP foi totalmente reformulado
Casa ganhou computadores com internet, TVs, banheiros privativos, lavanderia,
sala de estudos e biblioteca, ao custo de R$ 2 milhões
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano passado, um grupo de
estudantes de medicina da USP
procurou o urologista Miguel
Srougi com um pedido inusitado: queria ajuda para comprar
duas latas de tinta para a pintura da quase sexagenária Casa
do Estudante, que abriga alunos sem condições de custear
moradia durante o curso.
Um ano depois, o presente
veio bem mais "gordo". Com
doações de empresários e professores da faculdade, a antiga
casa, de 1950, foi totalmente reconstruída e mobiliada, ao custo de R$ 2 milhões. Será inaugurada amanhã, às 11h.
O imóvel, localizado na rua
Teodoro Sampaio, zona oeste
de São Paulo, tem 26 apartamentos com capacidade para
52 estudantes. Cada quarto foi
equipado com computador e
internet. Os corredores também ficaram com dois computadores e armários do tipo "locker"-ao estilo das universidades americanas.
Na reforma, a casa ganhou
cinco novos apartamentos, banheiros privativos, além de
uma nova cozinha, copa, lavanderia, biblioteca, sala de estudos, dois centros de convivência e área externa de lazer. A sala de estar tem agora novas TVs
e home theater.
A arquiteta Ana Claudia Bella
Hanftwurzel Mraz, autora do
projeto de reforma, diz que a
idéia foi "tirar os alunos de dentro dos quartos e fazer com que
eles passassem a usar a casa como um espaço de convivência".
Segundo o professor titular
de urologia da USP, Miguel
Srougi, que coordenou a captação de recursos, ao menos cem
alunos da medicina -dos 1.100
que freqüentam o curso- vêm
de famílias humildes e precisam da moradia estudantil. "Na
antiga casa, eles viviam em condições muito precárias. O banheiro das meninas, por exemplo, ficava fora da casa."
Para Srougi, a casa tem agora
todas as condições de oferecer
uma "vida digna" aos estudantes. "Não tem como ensinar humanismo para um pessoal que
morava como indigente. Agora
eles podem viver com mais dignidade", afirmou o médico.
O estudante Filipe Bini, que
vive há três anos na casa estudantil, diz que, no início, estranhou quando Srougi relacionou dignidade à moradia.
"Sempre liguei dignidade à ética, achei a comparação estranha. Mas ele tinha razão: vivíamos em condições precárias, a
casa parecia um cortiço, era
muito feia", conta Bini, natural
de São José do Rio Pardo (SP).
De acordo com o estudante,
havia 15 anos que o imóvel não
era reformado. "O banheiro era
coletivo, juntava água no box,
havia infiltrações no telhado."
Ele relata que no primeiro
encontro com Srougi, no ano
passado, o grupo de estudantes
havia pedido alguns livros. "Ganhamos muito mais: uma biblioteca com 40 exemplares de
obras caras, que muitos estudantes não tinham condições
de comprar. É quase o curso inteiro de medicina."
(CLÁUDIA COLLUCCI)
Integram a relação dos beneméritos da Casa do
Estudante: Antônio Queiroz Galvão, Benedito
Abbud, Carlos Ermírio de Moraes, Carlos Pires
de Oliveira Dias, Fernando Arruda Botelho, Luiz
Roberto Ortiz Nascimento, Fabio Ermírio de Moraes, Gian Enrico Mantegazza, José de Jesus Álvares Fonseca, Lázaro Brandão, Antônio Bornia,
Mário Arthur Adler, Maria Regina Ermírio de
Moraes, Antônio Ermírio de Moraes, Moise Safra, Ogari de Castro Pacheco, Pelerson Soares
Penido, Roberto Egydio Setúbal, Antonio Jacinto Matias, Sérgio de Moraes Abreu, sheik Wahib
Binzagr (Arábia Saudita), Miguel Srougi, Marcos Boulos e Flavio Fava de Moraes.
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