|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FGV é acusada de desvio de
verba em SP
Ministério Público acusa em ação suposta fraude e superfaturamento em contrato da fundação com a prefeitura, em 2003
Segundo promotor, FGV atuou como intermediária para permitir que empresas tivessem contratos com a prefeitura sem licitação
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo ajuizou ação em que acusa a Fundação Getúlio Vargas
de se associar a assessores de
alto escalão da gestão Marta
Suplicy (PT) para fraudar e superfaturar em 338% um contrato de R$ 21,8 milhões firmado pela entidade com a Prefeitura de São Paulo, em 2003.
A FGV foi contratada para
modernizar o sistema de informática das escolas municipais e
implantar novos sistemas de
gestão pela então secretária da
Educação, Maria Aparecida Perez, mulher do deputado federal Carlos Zarattini (PT).
Além de Maria Aparecida,
também foi denunciado na
ação o então gerente da Prodam (empresa municipal de informática) Raphael Pacheco.
Após deixar a prefeitura, ele foi
nomeado pelo governo Lula diretor de Negócios da Dataprev,
uma estatal federal ligada ao
Ministério da Previdência.
Contratada com dispensa de
licitação apesar de não atuar
em serviços de informática, a
FGV, segundo o promotor Saad
Mazloum, trabalhou como
"simples intermediária" para
permitir que outras empresas
recebessem da prefeitura sem a
necessidade de licitação.
O caso começou em 2002,
quando a prefeitura iniciou
contatos com uma empresa de
Belo Horizonte (MG), a Auge
Tecnologia, para contratar os
serviços de informática.
Segundo depoimentos de
funcionários de carreira da
Prodam, as negociações eram
conduzidas por Pacheco.
O corpo técnico da Prodam,
na época, fez restrições ao trabalho da Auge, e ela não foi contratada. Porém, acabou assumindo o serviço depois que a
própria FGV firmou o contrato.
Segundo sindicância aberta
pela prefeitura, a FGV jamais
prestou nenhum tipo de serviço, que ainda foi fatiado com
outras empresas.
Ainda mais grave, conforme
a denúncia, foi a descoberta de
um superfaturamento de 338%
no contrato, na comparação
com orçamentos feitos pela
própria Prodam na época -um
dos itens, o trabalho de analistas de suporte, estava 427% acima dos preços normais.
Ou seja, a prefeitura deveria
ter pago no máximo R$ 4,9 milhões, e não R$ 21,8 milhões, e
ainda assim caso o serviço tivesse sido totalmente feito pela
FGV. Porém, segundo a prefeitura, o contrato não foi concluído, mas a fundação recebeu R$
6,5 milhões -novos pagamentos foram bloqueados após notificação da Promotoria.
"O parecer técnico concluiu
pela ocorrência de extraordinário superfaturamento", afirma
o promotor Mazloum.
Na ação, ele pede a condenação da FGV e da Auge por improbidade administrativa e a
proibição de realizarem novos
contratos com o poder público.
Maria Aparecida Perez e Raphael Pacheco também foram
denunciados por improbidade,
com perda de cargo público, caso estejam trabalhando em órgãos de governo, e suspensão
dos diretos políticos.
O promotor requer ainda que
todos os acusados devolvam o
valor de R$ 3,9 milhões aos cofres públicos, além de multa.
Texto Anterior: Eloisa Denipoti (1934-2009): A professora se desfez dos livros para o bem dos alunos Próximo Texto: Outro lado: Fundação não fala sobre as acusações Índice
|