São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2001

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AMBIENTE
Segundo decisão da Agência Nacional das Águas, tarifa vai para fundo que será usado para financiar tratamento de esgoto
Empresas poluidoras de rios pagarão taxa

DANIELA NAHASS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Empresas poluidoras dos rios brasileiros que não tratarem o esgoto a partir deste ano serão obrigadas a pagar uma tarifa para a ANA (Agência Nacional das Águas), criada em dezembro do ano passado. O dinheiro irá para um fundo, que será utilizado para financiar o tratamento de esgoto.
O diretor-presidente da mais nova agência reguladora do governo, Jerson Kelmer, disse que no Brasil só 10% do esgoto é tratado. "É muito pouco", disse.
Para mudar essa situação, a ANA pretende estimular a participação dos usuários da água, principalmente das empresas de saneamento e indústrias.
O ministro Sarney Filho (Meio Ambiente) disse que "a salvação dos rios" é prioridade do governo. "Já é decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Vamos salvar os nossos rios. Essa é a meta principal para este ano", afirmou. A ANA é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente.

Comitês
A idéia é montar comitês de bacias com representantes de empresários, das organizações não-governamentais, dos usuários e dos governos municipais, estaduais e federal. Os comitês vão definir quando e como a tarifa será cobrada.
"Hoje, o uso irracional dos rios se dá exatamente porque esta irracionalidade não dói no bolso de quem está poluindo ou usando água de forma errada", afirmou Jerson Kelmer.
O diretor-presidente da ANA defende a tarifa, chamada por ele de "preço-público". "Não é taxa nem tarifa nem imposto."
Kelmer disse que haveria aumento nas despesas das empresas de qualquer maneira. "Já existe um custo-Brasil no desarranjo da utilização dos nossos rios. Ele não é percebido, mas existe", afirmou.
Segundo Kelmer, a despesa extra viria porque os empresários teriam de procurar água em lugares distantes ou gastar mais dinheiro para tratar a água cada vez mais poluída.
Ele disse ainda que em quase todos os países do mundo o tratamento de esgoto se dá por meio de uma cobertura fiscal.
Kelmer explicou que a ANA também vai ser responsável pela distribuição da concessão das empresas que vão tratar o esgoto. Ele disse que a relação entre o governo e as empresas vai mudar.
"O governo não vai mais pagar pela obra construída, mas pela quantidade de esgoto tratado."
Para o primeiro ano de funcionamento, a ANA terá um orçamento de R$ 234 milhões, sendo que R$ 107 milhões serão utilizados para a despoluição dos rios.
Segundo ele, o governo não está preocupado se as empresas que pleitearem a concessão do serviço são estrangeiras ou não. "Estamos preocupados com a qualidade do serviço", afirmou.
O diretor-presidente da ANA negou a "privatização" dos rios brasileiros. "A ANA é um órgão do governo federal que garante que o uso das águas dos rios será feito visando a utilização múltipla dos rios e a preservação do interesse público. Jamais os rios serão privatizados."


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