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AMBIENTE
Segundo decisão da Agência Nacional das Águas, tarifa vai para fundo que será usado para financiar tratamento de esgoto
Empresas poluidoras de rios pagarão taxa
DANIELA NAHASS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Empresas poluidoras dos rios
brasileiros que não tratarem o esgoto a partir deste ano serão obrigadas a pagar uma tarifa para a
ANA (Agência Nacional das
Águas), criada em dezembro do
ano passado. O dinheiro irá para
um fundo, que será utilizado para
financiar o tratamento de esgoto.
O diretor-presidente da mais
nova agência reguladora do governo, Jerson Kelmer, disse que
no Brasil só 10% do esgoto é tratado. "É muito pouco", disse.
Para mudar essa situação, a
ANA pretende estimular a participação dos usuários da água, principalmente das empresas de saneamento e indústrias.
O ministro Sarney Filho (Meio
Ambiente) disse que "a salvação
dos rios" é prioridade do governo.
"Já é decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Vamos
salvar os nossos rios. Essa é a meta
principal para este ano", afirmou.
A ANA é vinculada ao Ministério
do Meio Ambiente.
Comitês
A idéia é montar comitês de bacias com representantes de empresários, das organizações não-governamentais, dos usuários e
dos governos municipais, estaduais e federal. Os comitês vão definir quando e como a tarifa será
cobrada.
"Hoje, o uso irracional dos rios
se dá exatamente porque esta irracionalidade não dói no bolso de
quem está poluindo ou usando
água de forma errada", afirmou
Jerson Kelmer.
O diretor-presidente da ANA
defende a tarifa, chamada por ele
de "preço-público". "Não é taxa
nem tarifa nem imposto."
Kelmer disse que haveria aumento nas despesas das empresas
de qualquer maneira. "Já existe
um custo-Brasil no desarranjo da
utilização dos nossos rios. Ele não
é percebido, mas existe", afirmou.
Segundo Kelmer, a despesa extra viria porque os empresários
teriam de procurar água em lugares distantes ou gastar mais dinheiro para tratar a água cada vez
mais poluída.
Ele disse ainda que em quase todos os países do mundo o tratamento de esgoto se dá por meio
de uma cobertura fiscal.
Kelmer explicou que a ANA
também vai ser responsável pela
distribuição da concessão das empresas que vão tratar o esgoto. Ele
disse que a relação entre o governo e as empresas vai mudar.
"O governo não vai mais pagar
pela obra construída, mas pela
quantidade de esgoto tratado."
Para o primeiro ano de funcionamento, a ANA terá um orçamento de R$ 234 milhões, sendo
que R$ 107 milhões serão utilizados para a despoluição dos rios.
Segundo ele, o governo não está
preocupado se as empresas que
pleitearem a concessão do serviço
são estrangeiras ou não. "Estamos
preocupados com a qualidade do
serviço", afirmou.
O diretor-presidente da ANA
negou a "privatização" dos rios
brasileiros. "A ANA é um órgão
do governo federal que garante
que o uso das águas dos rios será
feito visando a utilização múltipla
dos rios e a preservação do interesse público. Jamais os rios serão
privatizados."
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